Com três meses consecutivos de alta, a produção industrial já começa a mostrar sinais de recuperação. Em março, a indústria cresceu 0,7% em relação a fevereiro, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já na comparação com março do ano passado, houve queda de 10%.
No primeiro trimestre, o índice acumula queda de 14,7%, em relação a igual período de 2008, o pior resultado trimestral desde 1991. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, a taxa caiu 7,9%. No acumulado de 12 meses, de abril do ano passado a março, a produção encolheu 1,9%, na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a queda na produção industrial no primeiro trimestre de 2009 foi forte e parecida com a registrada no último trimestre de 2008. "Já esperávamos por isso", afirmou o ministro. Mantega, no entanto, avaliou que o resultado do primeiro trimestre não capta o que vem ocorrendo na economia desde março. "A partir de março e abril, a economia está se recuperando. Nós já voltamos a aquecer e a acelerar. Já estamos em crescimento."
Segundo o ministro, os números divulgados hoje pelo IBGE olham para o passado. "Mas, para o presente, a situação está melhorando nitidamente", concluiu.
De acordo com o coordenador de Indústria do IBGE, Silvio Sales, já é possível observar uma tendência de recuperação, mas a indústria ainda está longe do patamar anterior à crise internacional. "A recuperação da indústria em março foi insuficiente para que a produção retomasse os níveis médios de 2008", disse Sales.
Repetindo a tendência das pesquisas mais recentes e estimulado pela redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o setor de veículos automotores puxou a alta de março em relação a fevereiro, com índice de 7%. O setor já registra crescimento acumulado de 56,5% ante dezembro do ano passado.
Também contribuíram para o crescimento da indústria, os setores farmacêuticO (9%), outros produtos químicos (3,5%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalar e óticos (20,8%) e indústrias extrativas (2,4%). Os segmentos que representaram pressões negativas no índice foram os de outros equipamentos de transporte (-15,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,3%), máquinas e equipamentos (-3,3%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-5,5%).
No corte por categorias de uso, a única que apresentou redução na produção foi a de bens de capital, com queda de 6,3%. Segundo Sales, houve retração nas compras de máquinas e equipamentos em decorrência das incertezas no cenário macroeconômico. "Os bens de capital foram os últimos a sentir os efeitos da crise e agora demoram mais a recuperar", Comentou o coordenador.
Em relação a março de 2008 a produção industrial recuou 10%, completando seqüência de cinco meses de taxas negativas consecutivas. O fato de o terceiro mês deste ano ter tido dois dias úteis a menos que março do ano passado ajudou a agravar a queda. Os principais impactos negativos sobre o índice global vieram de máquinas e equipamentos (-27,2%), veículos automotores (-18,5%), metalurgia básica (-29,2%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (-38,9%).
Nas categorias de uso, o segmento de bens de capital registrou a taxa mais negativa, queda de 23%. Bens de consumo duráveis sofreu retração de 13,4% e bens intermediários, de 13,3%. O único com taxa positiva, o setor de bens de consumo semi e não duráveis, cresceu 2,9%.
TRIMESTRE. O recuo de 14,7% na produção fabril neste primeiro trimestre, relativamente a igual período do ano anterior, atingiu 24 dos 27 segmentos pesquisados. O segmento de veículos automotores (-27,2%) manteve a liderança em termos de impacto sobre o índice geral, cabendo à produção de automóveis e suas peças os maiores destaques. Outros impactos negativos relevantes vieram de máquinas e equipamentos (-28,3%), metalurgia básica (-30,8%) e outros produtos químicos (-21,1%).
Por outro lado, os três ramos que registraram aumento de produção neste período, foram outros equipamentos de transporte (26,2%), farmacêutica (13,7%) e bebidas (5,6%). No corte por categorias de uso, o indicador acumulado para o primeiro trimestre revelou quedas intensas em bens de consumo duráveis (-22,5%), bens de capital (-20,8%) e bens intermediários (-18,1%).
O índice dos primeiros três meses de 2009 em relação ao trimestre imediatamente anterior recuou 7,9%, acumulando perdas de 16,7% nos dois trimestres. Entre as categorias de uso, bens de consumo duráveis foi a única que reverteu o sinal negativo do quarto trimestre de 2008 (-24,8%), fechando o primeiro trimestre do ano com avanço de 0,7%, beneficiando-se, principalmente, da recuperação das vendas domésticas de automóveis. (COM AGÊNCIAS).
Veículo: Jornal do Commercio - RJ