A prévia da inflação de outubro, medida pelo Índice de Preços ao Consumido Amplo - 15 (IPCA-15), subiu 0,58%, acelerando o ritmo de alta com relação a setembro (0,09%).
Apesar disso, o IPCA-15 ficou abaixo das estimativas dos analistas (0,63%) e deve perder força nos últimos dois meses do ano, diante de um comportamento mais estável do dólar em torno de R$ 3,75, avaliam especialistas.
O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), André Braz, prevê que o IPCA fechado de outubro chegue a 0,6%, mas desacelere em novembro para uma alta de 0,25%.
O professor de economia da Faculdade Fipecafi, Silvio Paixão, acrescenta que a inflação dos meses de novembro e dezembro devem rodar próximo a um intervalo de 0,15% a 0,25%.
“Durante o processo eleitoral, o dólar chegou a bater R$ 4,20, encarecendo produtos importantes [na cesta do consumidor] como os combustíveis e proteínas, como carnes de boi e aves”, afirma o pesquisador da FGV.
“Contudo, o dólar foi, gradualmente, perdendo força ao longo das últimas semanas, o que deve provocar uma desaceleração da inflação mensal até o final do ano”, completa.
Segundo Braz, o aumento de 0,6% previsto para o IPCA de outubro ainda carrega uma influência da taxa de câmbio. Na prévia do índice, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem, os combustíveis, que dependem da trajetória do dólar, foram o item que mais pressionaram a inflação.
O grupo de Transportes teve um peso de 0,30 ponto percentual no IPCA-15, ao subir 1,65%. O litro da gasolina ficou mais caro, em média, 4,57%, nas regiões pesquisadas. Já o litro do etanol subiu, em média, 6,02% em outubro.
O grupo de alimentação e bebidas, após ter tido queda em setembro (-0,41%), acelerou em outubro (0,44%), por conta da alimentação no domicílio, que apresentou alta de 0,52%. Esse resultado foi influenciado pela alta de alguns itens como tomate (16,76%), frutas (1,90%) e carnes (0,98%), mostrou o IBGE.
Sobre isso, Braz destaca que o aumento das chuvas com a entrada do verão pode provocar elevação dos preços dos alimentos como hortaliças, frutas e legumes, mas não o suficiente para provocar uma alta muito forte na inflação.
Por outro lado, as chuvas de verão abrem a possibilidade de redução da bandeira tarifária vermelha de patamar 2 para, pelo menos, patamar 1, segundo o pesquisador da FGV.
Dentro da meta
Silvio Paixão, da Fipecafi, reforça que as expectativas de um dólar “mais calmo” e tendência de queda nos preços do barril do petróleo devem favorecer a redução dos preços nos próximos dois meses.
Na avaliação dele, os preços dos demais grupos, como habitação, educação, vestuário e artigos de residência, estão controlados, fazendo com que a inflação feche dentro dos intervalos da meta de 4,5%, fixada pelo Banco Central.
André Braz afirma, por sua vez, que este cenário de preços mais estáveis favorece com que a taxa básica de juros da economia (Selic) permaneça no atual patamar de 6,50%. Ele também prevê que o IPCA feche o ano em torno de 6,5%.
Fonte: DCI