O desempenho das principais datas comemorativas de 2018 ficou acima do registrado em 2017, mas nenhuma delas deu ao varejista mais ânimo para o Natal que a Black Friday. Com crescimento de ao menos 4,7%, comparando com a última edição, lojistas creditam o avanço à popularização data e definições no cenário político brasileiro.
A edição deste ano, que aconteceu na última sexta-feira (23), acompanha o calendário norte-americano, em que a data se dá após o Dia de Ação de Graças. Consolidada por lá, a movimentação financeira foi de US$ 6,2 bilhões. “Nos Estados Unidos a data é bastante importante, por aqui ainda estamos dando os primeiros passos”, comenta o especialista em varejo César Longo.
Exemplo dessa consolidação também foi citada pela Boa Vista SCPC, que apurou um crescimento de 4,7% nas consultas dos varejistas para liberação de crédito. O crescimento foi ainda maior na própria sexta-feira (+5,9%).
Entre os varejistas, o clima de melhora também foi reportado. O sócio-proprietário da rede mineira VestMais, Carlos Espinoza, conta que participou de um treinamento junto ao Sebrae-MG para aproveitar melhor a Black Friday, e deu certo. “Selecionei melhor quais itens teriam descontos, tirei das gôndolas o que não teria muita saída, criei ilhas no meio da loja e fui avisando os clientes pelo WhatsApp”, detalha. Nas três unidades da empresa, o crescimento médio das vendas foi de 20%.
Com o bom resultado, Espinoza se mostra otimista com o Natal. “Como passou o período eleitoral, acho que o brasileiro tende a ficar mais confortável com compras, e com a economia reagindo, fica mais fácil”, completa.
Dentro do Magazine Luiza, uma das maiores varejistas do País, as vendas no dia 23 responderam por 15 dias comuns e abriram espaço para um dezembro mais forte. "Estamos animados para o mês de dezembro, que também é forte em vendas”, conta o vice-presidente da rede, Fabrício Garcia.
Para César Longo, consultor de varejo, parte dos consumidores adiantaram na Black Friday alguma compra de Natal, mas isso não impedirá os gastos para o período natalino. “O que os consumidores adiantam são os presentes mais caros, geralmente eletrônicos, mas isso não eliminará a necessidade de compras as “lembrancinhas”, comenta.
A adesão de outros setores à data, como bancos, farmácias, varejo alimentício, também deram um impulso nos negócios este ano. “Muita gente comprou por impulso. Havia notícias de lata de cerveja por R$ 0,69, ou até itens de primeira necessidade com desconto agressivo. Essa força do preço foi mais evidente na edição deste ano”, avalia.
Universo online
Se no varejo físico a Black Frida foi positiva, no e-commerce ela foi ainda melhor. Segundo estimativa da Ebit Nielsen, as vendas cresceram 23% na comparação anual, e movimentou R$ 2,6 bilhões. O número de pedidos cresceu 13%, para 4,27 milhões, e o tíquete médio subiu 8% para R$ 608.
O resultado fica acima do projetado pela própria consultoria, que apostava em um incremento de 15%. Uma das explicações, segundo os economistas da Ebit, foi o número de consumidores únicos (aqueles que fazem ao menos uma compra) que subiu 9%, chegando a 2,41 milhões. “Acredito que o consumidor online é o que estava mais propenso a comparar preços e comprar itens de maior valor agregado, é possível que este consumidor tenha adiantado compras do Natal”, diz Longo.
Fonte: DCI