Com a lenta recuperação da economia, o Bolsa Família se tornou uma espécie de seguro-desemprego, fazendo surgir um novo perfil de beneficiário. Nos últimos seis anos, cidades ricas que perderam postos de trabalho estão entre as que mais ganharam beneficiários.
Levantamento feito pelo GLOBO nos dados do Ministério da Cidadania mostra que, entre os 15 municípios com mais de 100 mil habitantes onde houve maior crescimento do Bolsa Família entre 2013 e 2019, 11 têm PIB per capita acima da média nacional. A maioria também tem em comum uma economia direta ou indiretamente ligada à indústria, setor que mais destruiu empregos na crise: quase um milhão de vagas perdidas desde 2015.
Dez dessas 15 cidades ficam no estado de São Paulo e duas no Rio de Janeiro. Esses municípios tiveram aumento superior a 50% no número de beneficiários entre 2013, ano anterior ao início da crise, e 2019. Na capital paulista, a alta foi de 59%. Analistas avaliam que o Bolsa Família, criado para aliviar a pobreza estrutural, ganhou novo perfil com a longa crise econômica do país, atendendo também aos trabalhadores que perderam seu emprego.
O seguro-desemprego é pago durante cinco meses. E 3,35 milhões de brasileiros estão desempregados há pelo menos dois anos - um em cada quatro desempregados do país está nesta situação.
Fonte: Época Negócios