O consumidor começa a recuperar a confiança na economia, decidiu quitar dívidas e planeja comprar mais, embora recorrendo menos ao crediário. Como resultado, a inadimplência no comércio registrou queda de 22,67% no mês de junho em comparação com maio.
Esse é o panorama que pode ser traçado com base nos números de três diferentes pesquisas que medem o comportamento do consumidor, divulgados ontem. De acordo com a Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL), que registrou o declínio forte da inadimplência, o resultado pode ser explicado pelo aumento real de renda dos trabalhadores e pela queda nas taxas de juros. No acumulado do ano, a inadimplência caiu 6,11% na comparação com igual período do ano anterior.
De acordo com o presidente da CNDL, Roque Pelizzaro Junior, a preocupação dos consumidores em quitar as dívidas e o maior cuidado do varejo na hora de oferecer crédito aos clientes foram importantes para derrubar a inadimplência. Houve, ainda, aumento de mais de 18%, em junho, no número de cancelamentos de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em comparação com maio. Isso significa que mais pessoas conseguiram pagar as dívidas e tiveram o nome retirado do SPC.
Pesquisa divulgada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostra a recuperação da confiança do consumidor em junho. O Índice Nacional de Confiança subiu para 123 pontos na média de todas as regiões, contra 120 em maio. Em junho de 2008, o indicador estava em 139 pontos.
"Após queda forte da confiança do consumidor nos primeiros três meses de 2009, ela se estabilizou em maio e em junho ratificou essa alta, subindo mais três pontos, sinalizando clara reversão no ânimo do consumidor", informa o levantamento. O índice varia de zero a 200 pontos, sendo que acima de cem pontos aponta otimismo e abaixo disso, pessimismo.
Em junho, a parcela de consumidores que se sentem mais seguros no emprego (33% dos entrevistados) voltou a superar o percentual dos que se sentem menos seguros (32%). Esse cenário não ocorria havia quatro meses, desde fevereiro passado.
A pesquisa trimestral de intenção de compra no varejo, divulgada pela Fundação Instituto de Administração (FIA) e pela Felisoni Consultores e Associados, conclui que os consumidores estão dispostos a comprar mais, mas pretendem gastar menos e usar menos o crediário. O levantamento, que ouviu 500 consumidores da cidade de São Paulo, revelou um recorde na intenção de compras para o terceiro trimestre. Dos entrevistados, 74,2% afirmaram que pretendem consumir ao menos um bem das dez categorias abordadas pelo estudo nos próximos três meses. No mesmo período do ano passado, este percentual era de 61,8%, enquanto em 2007, ficava em 56,2%.
Entre o terceiro trimestre do ano passado e este ano, a intenção de compras de automóveis, por exemplo, cresceu 41,2%. Para materiais de construção, houve um avanço de 27%, enquanto para eletroeletrônicos o acréscimo foi de 32,6%. "O consumidor vai continuar sendo sensível às ofertas e à desoneração fiscal", explicou Nuno Fouto, um dos coordenadores do estudo.
Veículo: Valor Econômico