O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) registrou deflação de 0,38% em agosto. É a primeira taxa negativa do índice desde março de 2006. O recuo de preços no mês passado foi ditado pelo comportamento de produtos agropecuários, especialmente commodities como soja e milho. A queda de preços foi mais forte do que o previsto pelo mercado, que esperava deflação de 0,23%, de acordo com pesquisa do Banco Central.
Segundo Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da Fundação Getulio Vargas, o resultado mostra que a inflação mudou de patamar. Apesar disso, ele não espera nova deflação em setembro.
"A queda dos preços agrícolas é muito intensa e muito rápida, não é provável que os preços voltem a cair com a intensidade detectada em agosto, mas também não é de se esperar que haja um retorno para os níveis observados nos últimos meses", disse. Em julho, a inflação medida pelo IGP-DI havia registrado alta de 1,12%.
Com a deflação de agosto, a taxa acumulada em 12 meses passou de 14,81% para 12,80%, a primeira queda desde outubro do ano passado. Segundo Quadros, a tendência é que a taxa em 12 meses continue a recuar, e a inflação pode fechar o ano abaixo dos 10%. O recuo foi concentrado no atacado.
A taxa passou de 1,28% para -0,80% em agosto. Mais da metade da desaceleração da inflação (54%) foi motivada pelo recuo nos preços das matérias-primas brutas, como soja, milho e trigo, entre outros produtos. "A percepção de que a safra americana de soja será favorável e a queda do trigo no mercado internacional ajudaram."
Veículo: Folha de S.Paulo