Comércio vendeu 0,5% mais em julho ante junho e 5,9% ante igual mês de 2008
Um ano depois do agravamento da crise financeira internacional, o comércio varejista exibe um nível de vendas recorde no País, com tendência de crescimento, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As vendas do setor aumentaram 0,5% em julho ante junho e tiveram alta de 5,9% ante igual mês de 2008.
"Estamos num momento bom, recuperamos os níveis pré-crise e, com a perspectiva de crescimento da economia, a tendência do varejo é melhorar, crescer", avalia o técnico da coordenação de comércio e serviços do instituto, Reinaldo Pereira.
No ano, o varejo já acumula aumento nas vendas de 4,7% e, em 12 meses, de 5,8%. "No último trimestre do ano passado, o comércio varejista se ressentiu um pouco com a crise, com redução do nível de vendas", observa Pereira. "Depois, com as medidas do governo e o desempenho do mercado interno, hoje estamos até acima do patamar de vendas do início da crise", disse.
Para o analista da Tendências Consultoria Alexandre Andrade, "as vendas no varejo mostraram desempenho favorável, em linha com a melhora observada no cenário de atividade econômica doméstica".
Também para o sócio sênior da consultoria Gouvêa de Souza, Luiz Góes, os resultados mostram um bom desempenho do comércio. "O setor vem crescendo por conta do aumento da massa salarial da população, a desaceleração da inflação dos alimentos e o crescimento da confiança dos consumidores", afirma.
Os especialistas avaliam que as perspectivas para o varejo são mais positivas. Para Pereira, do IBGE, o setor resistiu bem à crise e, com a recuperação econômica já sinalizada pelos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, a tendência é de crescimento nos próximos meses.
Luiz Goés avalia que o segmento de hiper e supermercados, com forte peso na pesquisa, deverá continuar puxando as vendas do setor. Em julho, as vendas desse grupo aumentaram 0,8% ante o mês anterior e expandiram 10,1% ante igual mês de 2008, respondendo, sozinhas, por 4,7 ponto porcentual, ou quase 80% do aumento total de 5,9% nas vendas varejistas no mês.
Andrade, da Tendências, espera um aumento total de 5,1% nas vendas varejistas em 2009 e destaca que, adicionalmente ao bom desempenho dos bens de consumo não duráveis (alimentos), houve reação também dos eletrodomésticos no mês de julho, com expansão de 1,9% ante junho, o terceiro aumento consecutivo para essa atividade.
DURÁVEIS
Enquanto as vendas de veículos mostraram forte desaceleração em julho, mesmo com a continuidade da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os eletrodomésticos, que tinham registrado queda nas vendas em maio e junho, comparativamente a igual período do ano anterior, subiram 0,5% ante julho de 2008. Andrade atribui essa reação à ampliação do crédito e o alongamento dos prazos de pagamento.
Os veículos, que tinham apurado alta de 9,3% nas vendas em junho ante maio, reduziram as vendas em 10,4% em julho ante o mês anterior.
Houve drástica mudança também no resultado comparativo a igual mês do ano passado, de 20,9% em junho para -4,9% em julho.
Para Pereira, essa mudança no sinal pode estar refletindo um esgotamento do efeito da queda do IPI sobre o comércio de automóveis.
"As pessoas não trocam os carros com frequência, por isso é natural que o efeito se esgote e isso pode ter ocorrido", disse. "Outra possibilidade é que tenha tido uma antecipação de compras em junho, quando havia dúvidas sobre a prorrogação da desoneração de impostos."
Veículo: O Estado de S.Paulo