A crise financeira global abriu a oportunidade para que empresas brasileiras tenham acesso ao mercado árabe. Importadores da região estão em São Paulo, a convite da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, para uma rodada de negócios com empresários brasileiros e declaram que suas primeiras impressões sobre a produção do Brasil são muito boas, principalmente nos setores de papel, mel orgânico, cerâmica, decoração e vidros.
Tarek Amin, dono da empresa egípcia Taco, afirmou que com o combate efetivo da crise o Brasil ganhou um destaque no mercado internacional. "Vim ao Brasil para conhecer os produtos da indústria cerâmica e também de utensílios para cozinha e restaurantes. Se o preço for competitivo, mesmo com o dólar desvalorizado frente ao real, a qualidade for diferenciada das encontradas nos outros países do globo e o serviço for original e exclusivo, vamos fazer negócio", explicou Amin acrescentou que sua empresa destina US$ 5 milhões anualmente para as compras de mercadorias para atender ao fornecimento para hotéis do Egito e dependendo de como acontecerem os negócios ele pode destinar parte deste valor a empresas brasileiras ou até expandir os números e comprar além do previsto.
"Se os brasileiros atingirem minhas exigências, devo fechar negócios no primeiro trimestre de 2010", relatou Amin.
A gerente da divisão de fornecimento para hotéis e restaurantes da Med.I.C.A, companhia da Jordânia, Rana Khoury, veio ao País à procura de itens como louças, talheres a alimentos. "Queremos ver como ampliar nossa divisão de hotelaria", disse ela, que atualmente importa mercadorias de outros países. Como a empresa fornece para hospitais, Rana quer conhecer também exportadores de móveis hospitalares. Ela acrescentou que a companhia trabalha em todo o Oriente Médio.
O gerente de compras da Dhofar Global, Hemant Kambli, que tem sede nos Emirados Árabes Unidos, afirmou que o Brasil é um mercado completamente desconhecido para ele. "Quando cheguei ao País descobri que a sétima indústria de papel está aqui. Vim em busca de empresas que possam atender a quantidade de papéis que quero comprar. Hoje forneço papéis para sanitários de bancos, hotéis, lojas, supermercados de Dubai, e a cidade está crescendo duas vezes mais do que os demais países do Oriente Médio, temos muito mercado."
Segundo Kambli, em dois anos de empresa, eles passaram a importar da Itália 25 contêineres de papel a cada trinta dias, o que soma 375 mil euros por mês. Com os novos negócios eles irão ampliar as compras e passar a fornecer para outros clientes o material brasileiro, mas ele frisa "pretendo avaliar fatores como preço, qualidade e tamanho da produção para decidir se vale a pena ou não importar os produtos".
Bruno Silveira, analista de desenvolvimento de mercado da Associação brasileira das indústrias de móveis de alta decoração (Abimad), explicou a reportagem do DCI que somente cinco associados puderam comparecer a rodada de negócios, mas que possuem expectativa de fecharem diversos contratos assim como foram fechados em fevereiro deste ano em Dubai.
"Na feira que aconteceu no início do ano nós fechamos durante os dois dias US$ 2,5 milhões em negócios e mais US$ 12 milhões em contratos para os doze meses seguintes. Hoje vemos que o Brasil está com as portas abertas para o Oriente Médio, principalmente pela sua qualidade e originalidade nos produtos, haverá um crescimento maior das vendas após a crise, uma vez que o País é visto com bons olhos pelo mercado", argumentou o analista.
Para o gerente de Exportação da Novo Mel, Carlos Pamplona Rehder, a crise não facilitou e nem atrapalhou suas vendas. Como o material que vende é diferente ele esclarece que muitos países aceitam facilmente. "O maior problema que enfrentamos é com a burocracia brasileira, fora isso é só bater de porta em porta e apresentar o produto", disse.
As exportações brasileiras ao mercado árabe atingiram US$ 6,05 bilhões de janeiro até agosto. Houve uma pequena queda de 1% sobre o mesmo período do ano passado, influenciada pelo desempenho no mês de agosto.
Veículo: DCI