Os Estados com forte presença de indústrias de bens de consumo duráveis apresentaram os melhores resultados na produção em agosto. De acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional (PIM-PF Regional), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sete das 14 regiões apresentaram alta em agosto, na comparação com julho. Na comparação com agosto do ano passado, apesar do recuo em todas as 14 regiões, o movimento é de recuperação em relação ao fundo do poço atingido em dezembro devido à crise internacional.
Para Isabella Nunes, gerente de análise e estatísticas derivadas do IBGE, os Estados com forte produção de automóveis e eletrodomésticos têm se beneficiado da retomada econômica com mais velocidade. No setor de veículos automotores, a queda de 18,5% em agosto, na comparação com agosto do ano passado, segue a trajetória de recuperação iniciada a partir do tombo de 50,9% registrado em dezembro. Quando considerada apenas a produção de automóveis - que exclui caminhões e autopeças -, a queda de 5,2% em agosto é o melhor resultado na comparação com igual mês do ano anterior desde os -4,4% de outubro de 2008.
"O resultado de agosto confirma a recuperação (da indústria). Os Estados com recuperação mais elevada tem presença forte de bens duráveis, principalmente automóveis e eletrodomésticos", frisou Isabella. "Recentemente, também vemos os bens intermediários crescendo na esteira dos bens duráveis."
Entre os dez Estados que apresentaram ritmo de queda menor em agosto na comparação com igual mês do ano anterior, destaque para São Paulo, que responde por 40% da indústria brasileira, com baixa de 6,9% em agosto, diante de -11,6% em julho, Amazonas, com -3,8% em agosto e -8,6% em julho, Rio Grande do Sul, com -5,7% em agosto e -7,6% em julho, e Minas Gerais, com -16,1% em julho e -13,7% em agosto.
Goiás foi a única região a registrar taxa positiva na comparação com agosto do ano passado. Puxado por produtos químicos, a produção industrial no Estado subiu 3,2% no mês, depois de um crescimento de 4,4% em julho. Isabella destacou a importância da produção de fertilizantes e da indústria farmacêutica como principais motores desse avanço.
Na comparação do resultado de agosto com o nível da produção registrado em dezembro - auge dos efeitos da crise internacional - os Estados com melhor desempenho são os que têm forte participação dos setores mais afetados pela crise, notadamente a indústria automobilística, a extração e produção mineral e a metalurgia básica. Dessa forma, o Espírito Santo apresentou em agosto um resultado 21,8% superior ao obtido em dezembro, enquanto Minas Gerais veio logo atrás, com 21,3%.
Ficaram próximos da média brasileira, de 13,5%, quatro regiões com forte presença da indústria automobilística. A Bahia viu a produção industrial crescer 13,1% entre dezembro e agosto, o Rio Grande do Sul registrou alta de 13%, o Paraná teve alta de 10,8%, e São Paulo avançou 10,6%.
Já na comparação com o patamar de setembro, período do agravamento da crise internacional, apenas Goiás tem resultado positivo, com alta de 5,2%, impulsionado pelo agronegócio. As maiores quedas são de Amazonas, com -12,7%, influenciada pelo setor eletroeletrônico, e Minas Gerais, com -14,6%, puxada pela extração mineral, metalurgia e setor automobilístico.
Veículo: Valor Econômico