A torrefadora italiana Segafredo Zanetti deverá fechar até o fim deste ano a compra de uma participação na companhia paranaense Café Damasco, uma das maiores da região Sul do país. As negociações estão em andamento, conforme informou ao Valor Guivan Bueno, presidente da companhia brasileira.
Bueno não deu detalhes sobre a negociação, mas adiantou que as conversas seguem firmes. A intenção do grupo italiano é comprar o controle da companhia brasileira para avançar no Brasil, o segundo maior consumidor global e maior produtor mundial de café. Guivan Bueno disse que está em negociação a venda de uma participação da empresa, não do controle, como busca o grupo italiano.
Se concretizada a entrada da companhia italiana no capital da Damasco, a Segafredo ficará entre as cinco maiores produtoras de café do Brasil e do mundo. Procurada, a torrefadora não retornou os pedidos de entrevista.
O interesse da Segafredo Zanetti no mercado brasileiro é antigo. Uma das principais torrefadoras da Itália, líder na venda de café fora do lar daquele país, a companhia entrou tímida no país em 1996 ao adquirir uma fazenda de café na cidade mineira de Pimenta. Depois, comprou a Nossa Senhora da Guia, uma trading com sede comercial em Santos (SP). Dois anos depois, o grupo já contava com uma torrefadora em Contagem (MG), firmando-se como Segafredo Zanetti Brasil. A italiana pretende movimentar globalmente cerca de 3 milhões de sacas de 60 quilos por ano.
O movimento de fusões e aquisições no setor cafeeiro segue um ritmo mais lento, mas firme nos últimos anos. A própria Damasco, que também chegou a ter conversas com o grupo Santa Clara, a segunda maior do país, foi umas das empresas consolidadoras nos últimos anos. Nesta década, o grupo paranaense adquiriu as unidades Café Palheta, do Rio de Janeiro, e Café América, da Bahia. Com faturamento de R$ 120 milhões, a Damasco movimenta cerca de 250 mil sacas por ano.
A torrefadora nacional Santa Clara, que tem como sócia a israelense Strauss-Elite, deverá reforçar o movimento consolidador nesse segmento nos próximos meses. Pedro Alcântara, presidente do grupo, afirmou ao Valor que a companhia pretende continuar o processo de consolidação iniciado nos últimos anos. "Temos crescido dois dígitos ao ano nos últimos anos." Neste ano, a Santa Clara investiu cerca de R$ 60 milhões na aquisição da mineira Café Letícia e da divisão de sucos em pó Frisco, que pertencia à Unilever. No país, a Santa Clara comercializa as marcas de café torrado e moído 3 Corações, Pimpinela e Santa Clara.
Já a Café Toko, também de Minas Gerais, promove um crescimento orgânico. A companhia realizou uma ampla reestruturação, criando uma holding para abarcar os negócios da empresa, explicou Almir Filho, presidente do grupo. Desde o ano passado, a Café Toko tem feito aportes para triplicar a produção de café torrado e moído, que saiu das 600 toneladas por mês para cerca de 1,8 mil toneladas.
A mineira Bom Dia também poderá retomar os investimentos a partir de 2010, com a ampliação de uma nova linha de produção de café na unidade da empresa em Varginha, segundo Sydney Marques, presidente da empresa.
Veículo: Valor Econômico