Cambuci, dona da Penalty, volta ao lucro e eleva produção

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Com os sinais de que a crise econômica começa a fazer parte do passado e as perspectivas de estímulo ao consumo de produtos esportivos geradas pela aproximação da Copa do Mundo de 2010, a Penalty já se prepara para crescer no ano que vem. Os planos da Cambuci, dona da marca, incluem um aumento médio de 25% na capacidade instalada e a contratação de mais 300 a 400 pessoas para suas três fábricas nos municípios de Bayeux (PB), Itajuípe e Itabuna (BA), onde trabalham hoje 2,7 mil funcionários.

 

Fabricante de tênis, chuteiras, bolas, confecções e acessórios para a prática de esportes, a Penalty já se recuperou do tombo provocado pela explosão da crise global, em setembro do ano passado, que instantaneamente reduziu a produção em 30%, diz o presidente da Cambuci, Roberto Estefano. Segundo ele, hoje a empresa está operando praticamente a 100% da capacidade instalada, "um ritmo até um pouco superior aos níveis pré-crise".

 

De acordo com o executivo, a carteira de pedidos da empresa está preenchida até o fim do ano. Nesse mesmo período de 2008, quando o varejo estava mais preocupado em desovar estoques, as vendas eram fechadas mês a mês. "Era da mão para a boca", lembra. Agora, segundo ele, o novo ritmo dos negócios, que já exigiu a contratação de cerca de 350 pessoas, demandará um volume de investimentos "bem superior" aos R$ 6 milhões que deverão ser aplicados em 2009. O orçamento, porém, ainda não está fechado.

 

Para 2010 a empresa também está montando um plano para brigar por participação de mercado com os grandes patrocinadores da Copa, a Adidas e a Nike. Estefano não dá detalhes, mas adianta que vai usar a estratégia do "marketing de guerrilha", baseado em ações dirigidas e de baixo custo para reforçar a imagem da marca e capturar os consumidores. Conforme o executivo, a empresa vai colocar no varejo novas coleções em todas as linhas de produtos com a Copa do Mundo como tema.

 

No acumulado até o terceiro trimestre de 2009, a receita líquida consolidada da Cambuci aumentou 9% sobre o mesmo período do ano passado, para R$ 159,7 milhões. O lucro líquido somou R$ 2,4 milhões e reverteu o prejuízo de R$ 7,1 milhões registrado de janeiro a setembro de 2008. O resultado melhorou com a redução de despesas e a elevação da margem bruta em 1,4 ponto percentual, para 39,8%, graças ao lançamento de uma coleção com maior valor agregado no segundo semestre e ao efeito positivo da valorização do real na aquisição de matérias-primas importadas.

 

A participação das exportações, ao contrário, caiu de 11% para 9% da receita no período. "A crise bateu mais forte lá fora", explica Estefano. A Penalty exporta para a América do Sul, leste europeu e países como Japão, Espanha e Portugal. Até setembro ela também contratava na Ásia um volume de produção equivalente a 18% a 19% do faturamento, mas com a imposição pelo governo brasileiro da sobretaxa antidumping de US$ 12,47 por par de calçado importado da China, as operações no segmento naquele país foram canceladas e o percentual correspondente à fabricação no exterior recuou para 15%.

 

"A medida beneficiou algumas poucas empresas que preferem operar num mercado fechado, pois 95% dos calçados esportivos do mundo são produzidos na China com qualidade e preços melhores", afirma o presidente. A sobretaxa, além da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) de 35% vigente para o setor, atendeu uma reivindicação da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), mas desagradou quem terceirizava parte da produção na China. "Quem perdeu foi o consumidor, que está pagando mais", comenta.

 

Segundo Estefano, além da recuperação dos negócios, a adesão da Cambuci aos programas do governo federal para parcelamento de dívidas com a Receita Federal, incluindo o crédito-prêmio do IPI e débitos consolidados no antigo Paes, que somam cerca de R$ 92 milhões, terá efeitos importantes no fechamento do balanço anual. Os ganhos com a operação terão impacto direto no resultado da companhia e vão permitir a reversão, para um valor positivo, do patrimônio líquido negativo consolidado de R$ 47,2 milhões registrado em 30 de setembro
 


Veículo: Valor Econômico


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