As propagandas exibindo as vantagens tecnológicas e os preços despencando para menos da metade dos cobrados na época de lançamento animam os consumidores. No entanto, os valores reduzidos e a grande variedade de marcas e de modelos podem esconder armadilhas para quem pretende comprar um aparelho que reproduz a tecnologia blu-ray. Assim como ocorreu na transição entre o VHS e o DVD, a espera por uma popularização do disco óptico de nova geração pode ser mais vantajosa para o bolso.
O burburinho entre os aficionados em novidades tecnológicas voltou a crescer esse mês, quando a Tectoy anunciou o lançamento do modelo DBR-750, que chega às prateleiras de todo o País por R$ 799, enquanto a média de preço dos aparelhos gira em torno de R$ 1,5 mil. Mais: quando os primeiros tocadores chegaram ao Brasil, em 2006, eram vendidos por cerca de R$ 5 mil. Ou seja, em três anos, esse tipo de aparelho teve uma redução de 70% em seu preço médio. Uma queda ainda mais acentuada parece inevitável nos próximos meses.
Quando produtos com uma faixa de preço mais baixa que a média surgem no mercado, uma série de questionamentos aparece junto. A qualidade é boa? Os recursos são tão completos quanto os presentes em players mais caros? A durabilidade é a mesma? E a garantia? Sem respostas convincentes, muitos podem render-se aos impulsos consumistas, e o resultado da compra quase sempre é insatisfatório. O economista Roberto Piscitelli, da Universidade de Brasília (UnB), lembra que a máxima "o apressado come cru" é frequentemente aplicada nessas situações.
"A renovação dos aparelhos tecnológicos nos dias de hoje é tão grande que os preços não demoram a cair. Por isso, é sempre recomendável que o consumidor aguarde o furor da novidade passar", aconselha Piscitelli. O economista da UnB ainda alerta que, quando o produto deixa de ser um lançamento, é possível conseguir melhores condições de pagamento na hora da compra. "Quando você quer comprar algo que está na moda, a negociação é mais complicada", diz.
MUDANÇA CARA. O blu-ray surgiu em 2000, possibilitando a transmissão de som e imagem em altíssima definição. Quando leu as primeiras informações sobre o novo formato, o professor de história Alan Mariano Silva, 30 anos, quis saber mais sobre o assunto para avaliar uma possível troca de seu aparelho tocador de DVD. Descobriu que precisava de uma televisão de LCD, de plasma ou com a tecnologia LED, de alta definição, para que todos os recursos do blu-ray fossem aproveitados. Procurou, ainda, um home theater, para alcançar mais qualidade no som. Com o orçamento em mãos, chegou a uma conclusão: manteve o tocador de DVD em casa.
"Para mim, ainda não vale a pena ter um player de blu-ray, porque não tenho uma televisão moderna, e a compra de todos os aparelhos necessários para um uso satisfatório é inviável financeiramente. Além disso, pesquisei os títulos em blu-ray nas locadoras e a variedade ainda não é tão completa. Confesso, porém, que a tentação é grande. É aquela coisa: a gente fica mais velho e os brinquedos, mais caros", comenta o professor.
QUALIDADE. "Quando assisti ao filme Batman - O cavaleiro das trevas em alta definição, não acreditei na qualidade da imagem. É realmente impressionante", empolga-se o empresário Bruno Faria da Mota, 25 anos. Aficionado por produtos tecnológicos, o jovem tem, em casa, uma boa televisão com recursos de full HD e um equipamento de som de alta qualidade. Mota também investiu em cabos para garantir um bom aproveitamento do tocador de blu-ray.
A impressão positiva de Bruno Mota com a qualidade de som e imagem do blu-ray é justificada pela capacidade de armazenamento de dados. Para se ter uma ideia, comparado a um DVD, o blu-ray consegue guardar até 10 vezes o número de gigabytes. No caso da resolução das imagens, o blue-ray supera o DVD em seis vezes. Com o intuito de obter o máximo em qualidade de som e imagem, o empresário encomendou um outro aparelho para a nova mídia. Dessa vez, Mota resolveu pagar um preço acima da média e desembolsou R$ 2,5 mil pelo produto. "Eu fiquei realmente surpreso com a nitidez no caso do blu-ray. O filme parece mais real que a própria realidade", conclui.
Mais dados
A tecnologia blu-ray recebeu esse nome porque utiliza um laser de tom azulado (blue ray significa raio azul, em inglês a letra "e" teve de ser retirada da palavra "blue", no entanto, porque não é possível registrar uma palavra tão comum para fins comerciais). O comprimento dessa onda é de 405 nanômetros, o que permite gravar mais dados em um disco do mesmo tamanho do DVD (laser de tom avermelhado com comprimento de 650 nanômetros).
Veículo: Jornal do Commercio - RJ