Empresas como a Arezzo e a Marisol investem na criação de novas marcas para ampliar sua base de clientes e atingir diferentes classes sociais, aproveitando a infraestrutura que já possuem e ampliando a sua capilaridade no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de vestuário, acessórios e calçados foi o que mais cresceu no varejo em 2008, 34%, e deve repetir o bom desempenho este ano. Na área de calçados, a Arezzo, uma das maiores redes da América Latina, que tem 247 franquias e também possui a marca Schutz, criou um novo formato de loja que deverá ter sapatos cerca de 20% mais baratos do que os de uma loja Arezzo e oferecerá serviços às consumidoras.
De acordo com Fábio Figueiredo, gerente de Franquias da Arezzo, a marca, chamada de Ana Capri, cuja primeira unidade foi inaugurada há um ano, teve seu formato testado e a empresa acredita que há espaço no mercado para abrir 200 lojas em quatro ou cinco anos. A marca deverá ter três unidades ao fim deste ano, e estão sendo fechados os contratos de novas lojas cuja abertura está prevista para 2010.
"Fizemos uma pesquisa mundial e vimos que na Europa já há lojas que oferecem serviços. A Ana Capri terá uma loja de cerca de 100 m² e espaço para spa de unhas, por exemplo. Nosso franqueado também pede outras opções de negócio", disse ao DCI o executivo, que esteve no 1º Simpósio de Franquia de Moda promovido pela ABF, na semana passada. Ele acredita que haverá ganho de sinergia entre as marcas.
O grupo, que prevê fechar 2009 com uma receita de R$ 550 milhões, frente a R$ 485 milhões de faturamento ano passado, deve continuar também a expansão da marca Arezzo, com a previsão de abrir mais 25 lojas em 2010. Outras áreas que devem receber investimento são a de logística e a de tecnologia: toda a rede deve ser informatizada no ano que vem - hoje, 50% dela são informatizados. Ainda, há um projeto para reduzir perdas para o franqueado que está em teste na capital paulista e deve ser implementado em outras capitais do País.
A Marisol também deve ampliar seus investimentos em novas marcas e, a partir do próximo ano, deve acelerar a abertura de lojas da Pakalolo, que chegou a ter 160 unidades e saiu do mercado em 1997. De acordo com Giuliano Donini, presidente do grupo, depois da aquisição da rede houve a decisão de vendê-la apenas em lojas multimarcas para trabalhar seu nome e calibrá-la depois de alguns anos fora do varejo monomarcas. A rede deve terminar 2009 com quatro unidades, com lojas que devem ser abertas ainda em dezembro no Shopping Morumbi e no Shopping Center Norte. A empresa vê grande potencial na marca e deve até perder faturamento no canal multimarcas para apostar no formato de franquia. "A Pakalolo deve vender R$ 70 milhões em 2009 nas multimarcas e vamos recuar em 30% este faturamento para introduzir a monomarca. Fazemos isso para minimizar conflitos de canais de vendas. Daremos um passo para trás agora para dar dois para a frente", acrescentou Donini, durante o simpósio.
O grupo Marisol entrou no varejo na década de 90 e trabalha com sete marcas, atuando por meio de lojas multimarcas e de franquias, como é o caso da infantil Lilica, que já tem 115 franquias no Brasil e 16 no exterior. Recentemente, o grupo adquiriu uma rede chamada Blue Pink, que transformou na Babysol, com 20 unidades multimarcas e que também deve abrir mais lojas em 2010.
Outro investimento é na marca Rosa Chá, que atinge público de maior poder aquisitivo e foi reformulada, tendo agora um novo modelo de loja que deve ser implementado a partir de dezembro. Segundo Donini, a intenção é reforçar a presença no mercado por meio de vários canais: "Nosso posicionamento é de gestora de marcas e de canais de distribuição", afirma.
Expansão
Outra indústria que cresceu atuando no varejo com o formato de franquias monomarcas é a Hering, que também promete continuar a expandir-se em 2010. Segundo Fábio Hering, presidente da rede, desde o fim de 2006 a rede elaborou um projeto que incluiu reposicionamento de marca e preços mais baratos para voltar a crescer, com o que passou de 151 lojas Hering Store, que tinha na época, para 273 unidades até o fim deste ano. Em 2010, deverá ultrapassar a meta de 325 lojas. "Temos crescido nos últimos dois anos e meio nos diversos canais. Hoje, a companhia vale mais de R$ 1,3 bilhão, treze vezes mais do que valia cerca de três anos atrás", afirma o executivo.
Para manter esse ritmo, a empresa estuda aumentar a produção terceirizada e continuar tanto com franquias quanto com lojas próprias. Das 258 unidades que possui hoje, 40 são próprias; estas costumam ser lojas maiores e instaladas em pontos mais caros, o que a Hering considera importante para o negócio.
Outro grupo de moda que prevê crescimento é a M5Têxtil, proprietária das marcas M.Officer e M.Officer Jeans, Miele e Carlos Miele. De acordo com Jair Lorenzetti, principal executivo da companhia, a intenção é alcançar um crescimento de 150% em uma das marcas e de 25% em outra no ano que vem. O executivo não pode revelar em quais marcas terá as altas, mas afirma que todas devem ter crescimento. A rede não abriu muitas lojas em 2009 em razão da crise econômica, mas deve voltar a fazê-lo. "Fecharemos este ano com alta e devemos acelerar nossa expansão em 2010, chegando a 150 lojas próprias."
Lorenzetti, que esteve na 6ª edição do Encontro Brasileiro de Logística Têxtil, organizado pelo Clube de Logística Têxti e que ocorreu neste mês, também revelou que o grupo resolveu terceirizar sua logística, o que ajudará a expansão e trará maior eficiência, com o dobro da capacidade de armazenamento anterior.
Veículo: DCI