Cotação do dólar ainda preocupa exportadores de frutas locais

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Começaram ontem as exposições e palestras da Frutal 2008. Dentre os assuntos discutidos, a influência do câmbio nas exportações de frutas e a participação do adubo no custo dos produtores marcaram o dia de evento

 

À proporção que o Brasil exporta mais, a moeda nacional se supervaloriza, e isso traz preocupação para as vendas externas das fruticultura. O Ceará é o terceiro maior exportador de frutas frescas do País, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio Grande do Norte. Para saltar esse obstáculo cambial, o Estado deve melhorar a competitividade, reduzir custos de produção e de logística. A orientação é do presidente da Frutal, Euvaldo Bringel Olinda, que tratou do desenvolvimento do setor de frutas no Ceará, ontem, no primeiro dia de palestras e exposições da Frutal 2008, evento que segue até quinta-feira.

 

Bringel lembra à época em que sua empresa exportava melão com US$ 1 valendo quase R$ 4. Mesmo com uma recente alta na moeda norte-americana, a realidade atual é outra e ainda preocupa. Ontem, o mercado de câmbio empurrou o preço do dólar para o seu maior patamar desde janeiro deste ano. O dólar comercial foi negociado a R$ 1,824 na venda, o que representa um acréscimo de 0,88% em relação a cotação de segunda-feira, 15.

 

Melhorar a produtividade, sugere Bringel, é a principal mudança que as empresas devem realizar para suportar o dólar mais baixo. Isso inclui um novo comportamento logístico. "Se a gente carrega o produto por 800 quilômetros de caminhão, vamos começar a utilizar o trem. Os europeus tomaram um susto quando falamos que levamos a carga por longas distâncias com caminhão", disse.

 

Ainda segundo o presidente da Frutal, o setor de frutas já passou por grandes dificuldades, como lutar por questões tributárias, provar que não existia trabalho escravo e retirar as crianças das lavouras. Agora, o câmbio desfavorável é a dificuldade da vez, lamenta.

 

Abacaxi ameaçado

 

De quase nada, o Ceará passou a ser o maior exportador de abacaxi do País. Isso graças à venda média de 10 mil caixas da fruta por anos feita pela Del Monte Fresh Produce Brasil. A filial da norte-americana produzia banana no Vale do Açu (RN), quando, através de incentivos do então governador Tasso Jereissati, veio para Quixeré plantar melão em 1999. Um ano depois, a empresa começou a produzir abacaxi em Limoeiro do Norte, na região jaguaribana, de onde exporta toda a produção para a Europa.

 

O gerente Jurídico e de Relações Institucionais, Newton Assunção, lembra que o clima, o solo, a posição geográfica e os incentivos governamentais trouxeram a Del Monte para o Ceará. "Aqui, nós conseguimos entregar o produto dois dias antes que os produtores da América Central".

 

No entanto, Assunção destaca a valorização do real frente ao dólar como o grande entrave ao setor. "As condições financeiras eram boas quando chegamos aqui. Hoje, está complicado. Estamos tendo que baixar custos operacionais e aumentar a produtividade", acrescenta o executivo.

 

A Del Monte corre o risco, em médio prazo, de deixar de produzir no País caso as condições de câmbio não melhorem. Ainda que o Ceará ofereça vantagens logísticas, Assunção avalia que a burocracia para exportação ainda é grande. Além de trâmites com a Receita Federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Vigilância sanitária, os exportadores têm que cumprir prazos e séries de normas portuárias. Tudo isso, reclama, pode durar até quatro dias, enquanto em outros países não passa de dois dias. "A burocracia é necessária, mas tem que ser mais ágil", pede.

 

Na segunda feira passada, 8, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que cotação do dólar deverá ser resolvida sozinha. Para ele, as recentes altas da moeda norte-americana vão continuar, o que dará mais dinamismo às vendas externas brasileiras. O ministro disse ainda que o País já estava sanando mais um problema.

 

E-mais

 

- A cotação do dólar nos 11 primeiros dias deste mês teve a maior alta mensal em seis anos, segundo levantamento da consultoria Economática;

- Do fim de 2007 até o início de agosto de 2008, o dólar havia perdido quase 12% do valor diante do real, atingindo os menores níveis desde a mudança do regime cambial, em janeiro de 1999;

- Em 2002, o dólar subiu 52,27% devido o medo de muitos investidores de que o futuro presidente pudesse trazer instabilidade ao mercado financeiro. A desvalorização do real naquele momento foi maior, inclusive, que na crise de 1999, ano em que o dólar avançou 40,01%.

- Ontem, o consultor da empresa Horticonsult, Cees Van Vliet, apresentou um estudo de mercado para facilitar o acesso dos vendedores brasileiro ao seu país, a Holanda. O Estudo foi contratado pelo projeto Flora Brasilis, que é coordenado pelo Instituto Agropolos do Ceará. A grande demanda holandesa é de flores tropicais;

- O produtor interessado em exportar para o mercado holandês deve acessar
www.florabrasilis.org.br ou www.floraholland.nl, ou através do fone 3101.1670 (Janine Gadelha).

- A Frutal 2008 espera receber 38 mil visitantes e inclui na sua programação 10 cursos técnicos, 25 palestras, 7 seminários setoriais e 11 oficinas florais.

 


Veículo: O Povo - CE


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