A Klabin, maior produtora brasileira de papéis para embalagens, iniciou neste semestre o plantio de florestas no país em parceria com um fundo de investimentos europeu, inaugurando um novo modelo para sua operação florestal. A busca por investidores, que deve render novos contratos em 2010, tem por objetivo ampliar a área plantada sem desembolso próprio significativo, em linha com a política de preservação de caixa adotada pela companhia com o agravamento da crise financeira.
Este ano, a Klabin deve fechar com investimentos inferiores a R$ 300 milhões, ou cerca de metade dos R$ 587 milhões aplicados em 2008. No próximo ano, os aportes poderão subir a R$ 350 milhões e a fabricante de papel deve decidir sobre a conversão da fábrica de Angatuba (SP) integralmente para a produção de cartões revestidos. O desembolso estimado é de US$ 20 milhões.
"A perspectiva é a de maior volume de vendas e produção, mas a ampliação dos investimentos dependerá de algumas pré-condições, como demanda mundial e desalavancagem da empresa", disse o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher.
A meta da companhia, segundo ele, é reduzir a duas vezes a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Lajida, ante mais de três vezes ao fim do terceiro trimestre. Em termos de desempenho operacional, a empresa pretende acompanhar a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. "Os economistas estão falando em alta de 5% e queremos acompanhar isso", indicou.
Segundo Poernbacher, a Klabin já está conversando com outros fundos estrangeiros para replicar o modelo de plantio inaugurado no Paraná, com aporte inicial de US$ 20 milhões dos investidores europeus e de US$ 5 milhões da companhia. "Acreditamos no modelo e já temos tantas florestas próprias que é salutar desenvolver o plantio por outros meios", disse o executivo. Atualmente, a empresa conta com 216 mil hectares de florestas de eucalipto e pinus.
O primeiro contrato, conforme Poernbacher, tem duração de 28 anos - ou 4 ciclos de produção do eucalipto - e prevê a venda obrigatória de parte da madeira para a Klabin. "Cada contrato será discutido caso a caso. Levamos dois anos para assinar o primeiro porque é difícil harmonizar os termos", reconheceu, acrescentando que demais detalhes do acordo são confidenciais e não poderiam ser revelados, inclusive o nome do fundo.
A empresa, acrescentou o executivo, pode entrar com a terra e a tecnologia de plantio, incluindo material genético, e ter direito de preferência sobre a madeira produzida, cujo preço pode ter um balizador estipulado em contrato. "No Hemisfério Norte, os fundos compram as florestas das empresas. Aqui, as empresas plantam com os fundos", comparou.
A madeira que será fornecida por esses parceiros, segundo o diretor geral da Klabin, deverá ser usada para abastecer a fábrica de celulose que a companhia planeja construir, em alguma região do Paraná, por volta de 2015. "Precisamos plantar mais 40 mil ou 50 mil hectares de florestas para essa fábrica e pretendemos usar esse modelo com investidores", ressaltou. A fábrica, que produzirá tanto celulose de fibra curta quanto longa, terá capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano da matéria-prima. "Queremos, com a fábrica, ter uma plataforma competitiva de custo e qualidade", destacou.
Segundo o diretor financeiro da Klabin, Sérgio Alfano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve ser o principal financiador do projeto. "Mas nem iniciamos as conversas. Ainda é muito cedo", ressaltou. (SF)
Veículo: Valor Econômico