Redes menores, como a Cybelar, apostam no apoio da indústria para crescer
As mil lojas da Nova Casas Bahia, resultado da fusão do Ponto Frio, rede de eletros do Grupo Pão de Açúcar, com a Casas Bahia, não assustam o pequeno varejo nacional. Otimistas, redes menores acreditam que o processo de consolidação vai despertar uma reação inesperada na indústria: para não ficar na mão das gigantes, as fabricantes terão de incentivar os pequenos. “Este é um momento de oportunidade para que as pequenas empresas se transformem em um diferencial que garanta o equilíbrio do setor”, diz Ubirajara Pasquotto, presidente da Cybelar, rede de eletroeletrônico com 70 lojas no interior de São Paulo.
Pasquotto sabe que será difícil competir emescala,mas garante que com um custo de operação menor que o das gigantes é possível ficar na disputa, inclusive empreço.
Para isto, as empresas terão de se organizar. “Vamos voltar a ouvir falar nas centrais de compras por exemplo, que no segmento de móveis já é uma realidade”, afirma Pasquotto.
O modelo de negócios é muito utilizado no Brasil em redes de supermercados, materiais de construção e papelaria. Mas no Rio Grande do Sul, uma rede aberta em2007, a Casa bem Móveis, já congrega 34 lojas, algumas bastante tradicionais em seus mercados de atuação, que dividem compras e alguns processos de gestão.
No setor de eletroeletrônicos, o formato de negócios ainda é novidade no país, mas tem potencial. A maior cadeia de varejo da Europa, a Euronics, presente em 29 países é, na verdade, uma imensa central de negócios com12 mil lojas.
Pasquotto também aposta na consolidação dos pequenos como opção de crescimento das empresas. “Estamos preparando a Cybelar para ser uma consolidadora no pequeno varejo.”
Maurício Morgado, professor do centro de excelência em varejo da Fundação Getúlio Vargas diz que a própria indústria deve colaborar neste movimento. “Acredito que a indústria venha a favorecer os pequenos, mas não de forma explícita será por meio de ações estratégicas como cursos e treinamentos que ajudem a dar mais eficiência à estas empresas”, afirma, a exemplo do que já acontece com o atacado e as pequenas redes de supermercados.
Passados alguns dias do anúncio da fusão, as ações da Globex (Ponto Frio) tiveram queda de 4,3% no dia de ontem, em R$ 17,80. Os papéis do Grupo Pão de Açúcar fecharam a R$ 63, alta de 0,82%.
Indústria silencia
A incorporação das Casas Bahia pelo Grupo Pão de Açúcar deixou a indústria de eletroeletrônicos no mais absoluto silêncio. Fabricantes de televisores, fogões e geladeiras não se manifestam abertamente sobre a fusão por estarem receosos quanto ao tamanho que a gigante Globex Utilidades terá. A incorporação da rede varejista da família Klein pelo braço eletroeletrônico do clã Diniz vai concentrar 1.015 pontos de vendas Casas Bahia e Ponto Frio, além de 47 lojas do ExtraEletro — responsáveis por R$ 18 bilhões de receita bruta em 2008. De acordo com um executivo do setor “está todo mundo esperando para ver como vai ficar”. Nivaldo Souza
Fecomercio prevê alta de 8% em 2010
Neste ano, segundo a mesma pesquisa, o aumento das vendas é superior, de 9% Uma pesquisa divulgada, ontem, pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) mostrou que as vendas no varejo nacional poderão chegar ao fim de 2010 com até 10% de aumento, num cenário otimista. Mas é provável que fechem em torno dos 8%.
Neste ano, o aumento deve ser de 9% com relação a 2008. Contribuíram para o resultado a redução dos juros, a desoneração fiscal, a expansão do crédito bancário, o aumento real do salário mínimo, além das ações do governo para conter os efeitos da crise.
Mesmo com previsões otimistas de crescimento para o próximo ano, o diretor-executivo da Fecomercio, Antônio Carlos Borges, alertou para uma possível crise interna em 2011 por causa dos gargalos existentes no país. “O excesso de liquidez, o aumento dos gastos públicos e do déficit fiscal, a falta de investimento em infraestrutura, as deficiências estruturais profundas podem pôr a perder tudo o que se conseguiu até agora, levando a uma crise particular em 2011.”
Ainda de acordo com a entidade, a região metropolitana de São Paulo deve ter o melhor Natal da história, comcrescimento de 12%, na comparação com 2008. A alta deve ser puxada pelos eletrodomésticos e eletroeletrônicos (27%), lojas de departamentos (19%) e farmácias e perfumarias (18%).
Confiança do consumidor
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), fechou o ano num patamar recorde - com 155,2 pontos - uma alta de 22% em relação a dezembro do ano passado. A melhoria da renda e das taxas de emprego, associadas às medidas anticíclicas adotadas pelo governo foram fundamentais.
Sonho de consumo
Em uma pesquisa nacional sobre o que os brasileiros pretendem comprar neste Natal, 17,3% responderam produtos eletrodoméstico, seguido por vestuário, calçado ou acessório com 12,2%. Apenas 26,4% revelaram que não pretendem comprar nada, ante 54,1% que deixaram de comprar em 2008 por causa da crise.
EXPECTATIVA
42,2% dos empresários brasileiros acreditam que as vendas
aumentarão muito no ano que vem, contra 41,8% que acham que aumentarão pouco.
EMPREGO
23,1% dos empresários acreditam que o nível de emprego nas suas empresas subirá muito, contra 53,8% que esperam abertura de poucas vagas.
Veículo: Brasil Econômico