Galeazzi, na presidência há 2 anos, liderou reestruturação e tinha como missão eleger sucessor; fusão com Casas Bahia será grande desafio
O executivo Enéas Pestana, que ocupava o cargo de vice-presidente financeiro do grupo Pão de Açúcar, foi escolhido para suceder Cláudio Galeazzi na presidência da companhia.
O processo de transição na maior rede varejista do país levará 12 meses.
Como parte da transição, Pestana foi promovido a vice-presidente-executivo de operações sênior. O cargo será extinto em dezembro de 2010, quando o executivo deverá assumir a presidência do maior grupo de varejo do Brasil.
Pestana, que está no Pão de Açúcar desde 2003, vai se dedicar às atividades diretamente relacionadas ao negócio, incluindo a coordenação de estratégias de médio e longo prazo e o relacionamento com clientes, colaboradores e lojas.
Ele se reportará diretamente a Galeazzi e terá sob sua responsabilidade três vice-presidências (ocupadas por Hugo Bethlem, José Roberto Tambasco e Ramatis Rodrigues), mais a divisão de imóveis, a GPA Malls e Properties, comandada por Caio Mattar.
O processo faz parte do programa de reestruturação do Grupo Pão de Açúcar, que começou há dois anos com a contratação de Galeazzi.
Consultor especializado em reestruturação de empresas, Galeazzi assumiu em dezembro de 2007 com a missão de tornar a companhia mais eficiente e fazer um sucessor dentro do próprio quadro de executivos da empresa.
"O organograma de transição atende aos propósitos do grupo no que se refere a governança corporativa, transparência e, sobretudo, valorização do seu quadro interno de profissionais", afirmou a companhia em um comunicado. Com a exceção de Galeazzi, o único presidente-executivo do Pão de Açúcar que não saiu do quadro interno ou da família Diniz foi Cássio Casseb, que presidiu o grupo entre 2006 e 2007. Abilio Diniz hoje é o presidente do conselho de administração.
Sob o comando de Galeazzi, Pestana participou ativamente da reestruturação do grupo nos últimos dois anos.
A reestruturação deu mais eficiência à empresa, que até 2007 vinha exibindo balanços muito ruins, com custos administrativos altos e vendas estagnadas. No processo, mais de 300 funcionários foram demitidos, incluindo 40 diretores e 160 do nível de gerência.
Os resultados começaram a aparecer nos primeiros balanços de 2008. No último, referente ao terceiro trimestre de 2009, o lucro cresceu 156,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 171 milhões. No mesmo período de comparação, as vendas cresceram 39,6% (para R$ 6,1 bilhões).
Antes do Pão de Açúcar, Pestana foi vice-presidente do laboratório Delboni Auriemo. Passou também pelo GP Investimentos e pelo Carrefour.
Em novembro, ele foi eleito o executivo de finanças do ano pelo Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças).
Um de seus maiores desafios será a incorporação das Casas Bahia. O negócio, anunciado no início deste mês, elevou o faturamento do grupo de R$ 26 bilhões (2008) a R$ 40 bilhões.
Veículo: Folha de S.Paulo