Receitas do tradicional pão natalino têm açúcar e gordura em excesso
Dezembro chega e Vinícius Grünwald, de 8 anos, já pensa, feliz: “É época do bolo do Papai Noel.” Até o Natal, quase todos os dias, ele come uma fatia de panetone de chocolate. “Eu como bastante. Quando eu me comporto bem, como uma fatia grande”, conta o menino.
Ótimo ao paladar, os panetones - seja a versão com gotas ou pedaços de chocolate, seja a tradicional, com frutas cristalizadas - são ruins para a saúde se consumidos em demasia por conta dos excessos de açúcar e gordura, que fazem do bolo uma bomba calórica.
Os riscos do consumo excessivo dos ‘bolos do Papai Noel’ são muitos, se inseridos em uma dieta rica em gordura e açúcar e em comportamentos perigosos, como o sedentarismo. A nutricionista Leila Nasser faz a enumeração: “Obesidade, problemas circulatórios, no coração, aumento no colesterol, aumento da glicemia - que pode levar ao surgimento de diabete do tipo 2 - e hipertensão”, diz ela, de uma só vez.
De chocolate é pior
A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste) divulgou recentemente um trabalho em que analisou as 16 principais marcas de panetones de chocolate. No ano passado, foi feito um teste semelhante com panetones tradicionais. Comparando os resultados (e gostos à parte), o mais indicado é o panetone tradicional.
Todos os panetones, sobretudo os feitos com chocolate, são altamente calóricos - muitos têm em uma fatia de 80 gramas mais de 300 calorias, limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para um lanche na dieta de um adulto sem restrições alimentares (2 mil calorias).
A quantidade de açúcar também supera o consumo indicado - tanto em panetones tradicionais como nos de chocolate. A Pro Teste sugere que, em um lanche, o teor de açúcar não passe de 7,5 g. O índice encontrado chegou a 20 gramas - pouco mais que duas vezes e meia em relação ao índice sugerido pela associação.
Com bom senso pode
O nível de gordura total também extrapolou o limite de 8,25g para um lanche. Nas versões feitas com chocolate, a quantidade chegou a 15 g. Com tantas informações nada agradáveis para os fãs de panetones, o que fazer? Manuela Dias, nutricionista e pesquisadora da Pro Teste, não recomenda o consumo, sobretudo no caso dos panetones de chocolate.
Se for impossível tirar o produto do cardápio, é preciso ter bom senso. “Quem quiser consumir, que seja nesta época e de maneira moderada. Mas a gente sabe que a maior parte das pessoas não come uma fatia só”, diz Manuela.
O cuidado deve ser ainda maior com as crianças, já que os panetones de chocolate são mais populares entre elas. “Os pais devem controlar o consumo”, indica Manuela.
Nesta época do ano, contudo, o panetone é apenas uma entre as várias tentações que podem ameaçar a dieta. “No Natal há muitos alimentos gordurosos”, lembra Leila, referindo-se a fios de ovos, rabanadas e carnes. “Por isso, em vez de comer muito de tudo, prefira um pouco de cada.”
Origem
Existem várias versões sobre a origem do panetone. Uma das lendas diz que, no século 15, um jovem italiano se apaixonou pela filha de um padeiro chamado Toni, que não aprovava o namoro. O rapaz se disfarçou de ajudante de padeiro e inventou um pão fermentado com frutas. A criação foi um presente ao sogro e batizada de ‘pão da padaria do Toni’ e, depois, de panetone. A receita fez sucesso. Vendeu tanto, que a família do padeiro ficou rica.
Veículo: Jornal da Tarde - SP