Durante reunião realizada em Brasília, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, ontem, três novas variedades de semente resistentes ao glifosato, herbicida utilizado no controle de capim. A partir do próximo ano, os produtores de milho e algodão poderão contar com tecnologia semelhante à da soja, aprovada há dez anos no Brasil.
A primeira liberação da reunião foi para o milho Roundup Ready2, de propriedade da Monsanto, que teve 16 votos a favor três contra e uma abstenção. Na sequencia,.o pedido para o algodão Roundup Ready, também da mesma empresa, foi aprovado com 16 votos a favor, um contra e três abstenções. Por último, o milho GA21 da Syngenta foi autorizado com 16 votos a favor e quatro contra. O número de variedades transgênicos de milho aprovadas pela CTNBio no total chega, assim, a cinco, e de algodão a três. Com o aval da comissão formada por cientistas, o próximo passo agora é a liberação do produto pelo Ministério da Agricultura.
"A vantagem é que o agricultor que atua em uma região que tem muito problema com mato vai poder economizar tempo e até dinheiro com a nova tecnologia, tanto no caso do milho como no do algodão", explica Alda Lerayer, diretora executiva do Centro de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
"Ainda estamos atrasados em relação a outros países, como Estados Unidos, Canadá e Argentina. Mas a tendência é isso ser regularizado, e o Brasil se beneficiará demais se puder plantar esses transgênicos", disse o presidente da comissão, Walter Colli.
A decisão foi comemorada pelo presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Odacir Klein: "Temos repetido que o agricultor brasileiro precisa ter opções de variedades de milho, seja transgênica ou não. Com essas duas aprovações, passamos a ter cinco tipos de milho transgênico aprovados no Brasil", afirmou Klein.
A diretora do CIB destaca ainda a vantagem de redução na aplicação de substâncias mais tóxicas, o que favorece o meio ambiente. Ela explica que as liberação estão mais freqüentes neste ano porque não foi protocolado nenhum processo contra a comissão. " Se não tiver nenhuma proibição o ritmo continuará bom". Para o próximo ano, ela acredita que já deverão ser liberadas algumas variedades com mais de um gene no DNA. "Devemos ter plantas resistentes ao glifosato e insetos."
Na mesma reunião, também foi autorizada com 20 votos a favor a liberação da vacina contra circovirose suína, de propriedade da Intervet do Brasil.
Veículo: Gazeta Mercantil