Na expectativa do fim da redução do IPI, previsto para dia 31, redes de eletrodomésticos prometem ao consumidor até 60 dias de preços reduzidos. Estratégia acirra concorrência
A expectativa de que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca só dure até 31 de janeiro já abre uma disputa entre os gigantes do varejo. O governo federal deverá definir hoje ou amanhã se a medida será suspensa ou prorrogada, mas, antes do anúncio, o varejo adianta que os consumidores que planejam comprar fogões, geladeira e lavadoras com descontos de até 10% terão de 30 a 45 dias para continuar aproveitando os preços reduzidos. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, admitiu, ontem, que algumas desonerações poderão continuar além do prazo previsto. A equipe econômica resiste ao pedido das empresas de prorrogação do benefício. "Vai depender do setor. Não vou fazer análise específica, senão estaria adiantando um posicionamento sobre matéria que está em avaliação”, disse Augustin.
O grande comércio de eletrodomésticos trabalha também com a suspensão gradual do IPI reduzido, seguindo os mesmos moldes adotados para a indústria automotiva. Mesmo com o argumento do setor varejista de que a arrecadação do governo teria crescido em função de um avanço das vendas próximo a 25% em 2009, há quem aposte que domingo será oficialmente o último dia do benefício. “Apesar de defendermos a isenção permanente do imposto, o governo deve argumentar que precisa da arrecadação e também que não estamos mais em uma crise econômica, por isso não acredito em uma prorrogação”, pondera Lúcio Costa, presidente da Suggar.
A rede mineira Ricardo Eletro garante que caso a redução do IPI seja suspensa, o benefício ainda pode ser mantido por até 60 dias. “Tudo vai depender dos estoques. Alguns itens já estão em níveis críticos, como os refrigeradores”, comenta o gerente de negócios da rede, Samuel Faria. Segundo ele, a sazonalidade somada à baixa capacidade de produção, deixou as lojas sem estoques de alguns modelos de refrigeradores. Grandes redes como Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart também anunciam a manutenção dos descontos. O Carrefour anunciou que vai manter promoções por 40 dias, prazo previsto para a duração do seu estoque. A rede Wal-Mart confirmou que os descontos valem enquanto houver disponibilidade de mercadorias. O grupo Pão de Açúcar, que controla as lojas Ponto Frio e Extra, anuncia, da mesma forma, descontos de acordo com a duração dos estoques. O Magazine Luiza só vai se posicionar depois do anúncio do governo federal.
Se entender o mecanismo de redução da alíquota do IPI é um processo complexo para muitos consumidores, as promoções já são bem compreendidas. Para aliviar o calor desse verão, o pedreiro Zenildo Alves comprou, ontem, uma geladeira para a nora. O copo d’água geladinho vai custar ao pedreiro R$ 1 mil, já com o desconto do IPI. “Não entendo nada sobre IPI. Até achei que esse negócio já tivesse acabado”, comenta Zenildo. Para o ano, Zenildo tem planos. “Quero comprar um fogão novo, de seis bocas.”
O IPI das máquinas de lavar roupa caiu de 20% para 10%, das geladeiras de 15% para 5%, dos fogões de 5% para zero e dos tanquinhos de 10% para zero. A funcionária pública Edite de Fátima Ribeiro comprou, ontem, uma lavadora semi-automática. “Não sei como funciona o IPI, mas faço pesquisa de mercado para ver quem está vendendo mais barato.” Ela conta que precisa substituir o velho fogão de seis bocas, mas considera alto o preço dos eletrodomésticos no Brasil. “Talvez consiga trocá-lo esse ano.”
Veículo: O Estado de Minas