Rede média contra-ataca para garantir espaço

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As redes supermercadistas de médio porte prometem endurecer o jogo na concorrência com as gigantes do setor. Para isso, apostam no aumento da eficiência dos processos logísticos e de distribuição, além da abertura de postos de gasolina e drogarias, para agregar valor aos negócios e fazer frente aos investimentos bilionários do Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart. Juntas, essas três empresas prometem investir R$ 9,7 bilhões para viabilizar seus planos de expansão e, se possível, abocanhar os concorrentes menores nos próximos três anos.

 

Segundo Sebastião Edson Savegnago, superintendente do grupo Savegnago, com 21 lojas no interior paulista, a competição na região está cada vez mais acirrada, mas os avanços das megaredes não assustam. "Não é porque eles estão abrindo lojas que vamos parar de investir", diz o superintendente. Ele acredita que o tamanho das concorrentes atribui peso também na hora de distribuir o crescimento. "Eles têm um país inteiro para diluir os grandes investimentos e nós temos uma região com quatro cidades. Então, na minha área, nós vamos competir para ganhar", declara.

 

De acordo com Savegnago, o foco da rede para este ano é a abertura e reforma de unidades e agregar postos de gasolina à rede. "Já temos em duas lojas e esperamos implantar em outras duas até o fim do ano, porque isso [postos de combustíveis] agregam valor ao nosso negócio", declarou o executivo.

 

Para o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, as megavarejistas terão de suar a camisa para conquistar mercados como o interior de São Paulo e as Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. "Quando nós pegamos as redes regionais, elas têm uma penetração maior do que as grandes redes. E regionalmente algumas são até mais fortes do que as grandes", disse Honda.

 

De acordo com o presidente da Abras, as gigantes do setor já se movimentam para furar o bloqueio dos concorrentes regionais e se preparam para investir em lojas menores - com média de check outs entre 20 e 50 por unidade - modelos que apresentaram crescimento acima da média (9,3 se comprado com o ano de 2008). "O fato das grandes e se armarem de forma diferente mostra que com as operações tradicionais elas não conseguem atender às necessidades regionais. Então, você precisa penetrar melhor em alguns mercados e precisa mudar o modelo", comentou.

 

Outra que não teme as investidas de Pão de Açúcar, Walmart e Carrefour é a Cooperativa de Consumo (Coop), que aposta na melhoria do atendimento ao cooperado, com programas de relacionamento e fidelização, além do aprimoramento do sistema de distribuição nas lojas para crescer 17,2% em 2010 no conceito todas as lojas - que considera também as unidades com menos de 12 meses de funcionamento.

 

"Faremos nossa parte para ganhar mercado. Para este ano vamos investir R$ 45 milhões em abertura de lojas e infraestrutura, além das políticas de relacionamento com os cooperados", conta Márcio Francisco Blano, vice-presidente da Coop.

 

A rede também adota estratégia de competitividade ao investir no alinhamento do mix de produtos oferecidos nas gôndolas da empresa, às necessidades regionais (dos clientes), conta Blano. "É uma experiência que deu certo para a empresa e que reduz os custos por não forçar a rede a ter itens encalhados".

 

O vice-presidente da Cooperativa de Consumo conta que a rede pretende investir também na abertura de duas farmácias, fora das lojas, o que vai impulsionar ainda mais o crescimento da companhia. "Já temos experiência no setor desde 1992, e esse segmento se com resultados expressivos nas vendas e hoje correspondem a 12% das nossas vendas", diz. "Vamos investir em farmácias com o modelo de negócios social, onde o foco é o atendimento à comunidade e depois o lucro", completa o executivo.

 

Setor

 

A previsão de crescimento do setor supermercadista para este ano é de alta próxima a 9%. Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostram que no ano passado as vendas cresceram 5,51% na comparação entre 2009 e o ano anterior. Em dezembro, o crescimento foi de 6,61% em relação ao mesmo período de 2008 e, 31,2% em relação a novembro de 2009.

 

Em novembro houve expansão de 3,53% na comparação com o mesmo mês de 2008 e queda de 2,64% ante outubro de 2009. "Se o preço é mais baixo as pessoas consomem mais", diz Honda.

 

O Índice Nacional de Vendas da entidade teve crescimento acumulado de 10,65% em 2009 ante 2008 em valores nominais. O crescimento nominal foi de 11,21% em dezembro do ano passado ante dezembro do ano anterior e de 31,68% na comparação com novembro. No penúltimo mês de 2009, a alta nominal foi de 7,9% na comparação com novembro do ano anterior, mas houve retração de 2,24% em relação a outubro.

 

Cesta

 

Segundo os números do Abras Mercado, medição da GfK para a cesta de 35 produtos considerados de largo consumo, o acumulado do ano registrou alta de 0,32% na comparação com 2008. Conforme a entidade, a Região Norte se manteve pelo terceiro mês seguido com a cesta mais cara: alta 2,09% -a Região Sul é geralmente a cesta mais cara, mas apresentou retração de 0,94% nos preços.

 

Sussumu Honda afirma que a alta pode ser justificada pela dificuldade que a região tem para receber suprimentos. "O norte é abastecido por via fluvial, então, com as chuvas fortes é mais difícil você chegar com produtos por via terrestre. E isso gera um encarecimento, mais com perecíveis", diz.

 

Os produtos que tiveram maiores elevações nos preços são: açúcar (+57,2%), cebola (+50,7%) e batata-inglesa (+46,5%) Já as maiores quedas foram registradas nos preços do feijão (-34,4%), tomate (-22,7%) e arroz (-15,5%). Em dezembro, o valor desta cesta de produtos subiu 0,32% ante dezembro de 2008 para R$ 261,51. Na comparação com novembro, foi registrada uma leve baixa de 0,04%.

 

Grupos regionais do varejo prometem investir mais em infraestrutura para dificultar a vida das grandes supermercadistas, na tentativa de abocanhar novos mercados no interior do País.

 


Veículo: DCI


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