O prejuízo dos produtores de trigo e de arroz com as chuvas na região Sul é estimado em R$ 1,5 bilhão. O cálculo, divulgado ontem pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reflete as perdas registradas em ambas as culturas, que conforme o quinto levantamento da safra 2009/2010 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) chegam a 13,3% no arroz e 12% no trigo.
O superintendente regional da Conab, Carlos Farias, explica que no caso do arroz, a quebra se deve principalmente ao excesso de chuvas que castigou as lavouras entre o final do ano passado e o início deste ano.
O volume parcial, em um comparativo com a safra 2008/2009 chega a 1,10 milhão de toneladas, com indicativo de redução de 7,9 milhões de toneladas para 6,8 milhões de toneladas. Mesmo com o quadro desfavorável, caso o tempo se mantenha bom, a expectativa é que as condições das lavouras melhorem e que se possa qualificar um pouco em termos de produtividade. "Podemos ter uma surpresa boa até o a colheita do arroz", revela Farias.
O presidente da Federarroz, Renato Rocha, afirma que a redução em produtividade no Estado chega a 11%, pelo alto índice de chuvas e também pelo produtor ter plantado mais tarde do que determina o zoneamento. "A Conab apenas confirmou uma previsão que já tínhamos feito em novembro do ano passado", lembra Rocha. A estimativa de safra de arroz do IBGE para 2010 é de 12 milhões de toneladas, 5,2% menor do que a registrada em 2009. O Rio Grande do Sul, principal produtor (60,8% da produção nacional), apresenta queda de 8,1% na produção esperada e 2,9% na área.
Sem condições de replantar as áreas alagadas, o produtor aguarda agora a definição do governo federal quanto à liberação de crédito emergencial de R$ 2,5 mil por hectare para todos os que tiverem prejuízos no Estado, com prazo de dez anos para pagamento e juros zero. "Muitos produtores perderam tudo e precisam dessa verba para reconstruir suas propriedades, galpões, refazer açudes", diz o dirigente. É o caso dos agricultores da região conhecida como Quarta Colônia, a mais atingida pelas chuvas e cujas perdas são calculadas em mais de 12 mil hectares, dos 17,4 mil hectares plantados. "Tivemos quebra em 60% da área semeada. Alguns produtores tiveram perda total pelas cinco enchentes que devastaram a região", conta o presidente da Associação dos Arrozeiros de Restinga Seca, Cláudio Possebon. Segundo ele, foi solicitado ao governo federal rebate nas parcelas de investimentos a vencer em 2010 e 2011. Para produtores com perdas de até 50%, rebate proporcional à área perdida e para os que tiveram perdas acima de 50%, rebate de 90% das parcelas. "Muitos produtores não têm mais renda e caso o governo não sinalize com recursos, muitos devem inclusive abandonar a atividade", destacou Possebon.
No caso do trigo, cujos números já estão consolidados, o Rio Grande do Sul produziu 1,8 milhão de toneladas, contra 2,05 milhões de toneladas colhidas na safra passada. O motivo para a quebra foi a redução de área plantada, de 980 mil hectares, para 960 mil. "Os produtores se desmotivaram pelos baixos preços pagos pelo cereal", apontou o superintendente. A produtividade foi mantida em cerca de 2,1 quilos por hectare.
Mesmo com os resultados negativos, a safra total de grãos no Estado não terá grande baixa, em função dos bons resultados da soja e do milho. "Devemos fechar em 23,46 milhões de toneladas, volume muito semelhante ao recorde alcançado na safra 2006/2007, quando chegamos a 23,47 milhões de toneladas", completou Farias.
Veículo: Jornal do Comércio - RS