A indústria da beleza fechou 2009 com receita de R$ 25 bilhões, um crescimento de 15% sobre o ano anterior. Deflacionado, o aumento nas vendas dos fabricantes de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos se mantém em dois dígitos: alta de 11,8%. Prova de que esse mercado se manteve praticamente imune à crise e continua se beneficiando do aumento do poder de compra da população. Para 2010, a previsão é de um crescimento real ainda entre 10% e 12%.
"Nos últimos 14 anos, o setor apresentou crescimento médio real na casa dos 10% ao ano", diz José Carlos Basilio da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) - há exatos 14 anos no cargo.
O único revés no setor, segundo Basilio, foi verificado nas exportações, prejudicadas por conta da valorização do real frente ao dólar. Houve queda de 15,5% no volume exportado e de 9,3% no valor, que caiu para US$ 650 milhões. Os principais países compradores são Argentina, Chile e Venezuela. As importações também caíram: 9% em volume e 2,1% em valor, para R$ 456 milhões. "A queda nas importações mostra o quanto a indústria nacional está fortalecida e tem a confiança do consumidor", afirma Basilio.
Em 2009, 58% das vendas desse mercado estiveram concentradas em higiene pessoal. Com faturamento de R$ 14,5 bilhões, o segmento cresceu 14,4% em valor e 4,6% em volume. O destaque foi a categoria de sabonetes, que registrou faturamento 27% maior. Segundo Basilio, a alta foi puxada por sabonetes líquidos, de maior valor agregado. "Trata-se de um produto cuja venda estava estagnada, mas a partir de 2009 começou a ter uma participação mais expressiva, com maior número de lançamentos por parte da indústria", afirma.
A categoria de cremes dentais também apresentou alta expressiva de vendas em 2009: 17,5% em valor e 8,7% em volume. "Se essa categoria, que já tem um alto índice de penetração nos lares brasileiros, registrou esse crescimento, é sinal que há muito espaço para as demais", diz Basilio, que também destaca o aumento das vendas de enxaguatório bucal, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
No segmento de cosméticos, que respondeu por 27% do total das vendas da indústria no ano passado, a alta foi de 15% em faturamento e 3% em volume. O destaque ficou para os esmaltes, categoria que cresceu 15,6% em volume e 34% em faturamento, atingindo R$ 390 milhões. O montante é praticamente o mesmo das vendas de maquiagem para o rosto (R$ 391 milhões), outro destaque no período, com alta de 22% em volume e 40% em valor. Segundo o executivo, as indústrias estão investindo em tecnologia para fabricar uma maquiagem mais leve, que não obstrua os poros e proporcione um efeito mais natural. Já em esmaltes o Brasil é líder mundial em consumo, afirma. "É como se, perto das europeias, as brasileiras tivessem o dobro de dedos", brinca.
Já em perfumaria, que significou 15% das vendas totais do setor (com alta de 16% em valor e 3,5% em volume em 2009), a venda direta domina. O canal responde por 71% das vendas do segmento, enquanto as franquias significam 21% e, o mercado tradicional, 8%.
Veículo: Valor Econômico