Supermercado: Grupo mineiro espera aumentar número de lojas de 59 para 71 em 2010
Quinto maior grupo supermercadista em vendas no País e o primeiro com capital 100% nacional, a rede Bretas projeta passar de 59 para 71 lojas este ano e aumentar 20% seu faturamento, de R$ 2,1 bilhões em 2009. E estuda a entrada de novo sócio, de fora da família.
O plano para 2010 aprofunda a estratégia de ser "grande e pequeno ao mesmo tempo", afirmou ontem Estevão Duarte de Assis, que dirige o grupo em sociedade com outros onze parentes.
"Ser pequeno", segundo Assis, é estar voltado para cidades médias do interior e destinar pelo menos 25% de suas gôndolas a fornecedores locais. A maior cidade de atuação do Bretas é Goiânia e em 2010 a praça mais populosa em que a rede irá entrar é Vitória da Conquista (BA), com 320 mil habitantes. O Bretas trabalha com cerca de 200 fornecedores locais. Em cada loja, é oferecida a marca da região para café, macarrão, arroz, sorvete, manteiga, detergente, sabão, água sanitária, entre outros produtos.
"Para nós não interessa trabalhar com marca própria. Vale mais estabelecer parcerias com fornecedores regionais que dão diferencial e condições vantajosas de preço", diz Assis, que assumiu ontem a presidência da Associação Mineira de Supermercados (Amis).
Frequentemente assediado para vender o grupo, Assis disse que gostaria de contar com um sócio de fora do ambiente familiar. "Poderia ser interessante a entrada de um novo sócio, é algo que ainda não tomamos uma decisão, mas que pensamos em fazer. Neste setor, se você não cresce, o fornecedor vai buscar alternativas, porque ele quer crescer também. A gente não pode parar", afirmou.
Fundado em Santa Maria de Itabira (MG), o Bretas deu o seu primeiro salto ao adquirir as lojas da antiga rede Casas da Banha, que faliu em 1999. "Nós ficamos com as lojas do interior; e a rede Mineirão, com as de Belo Horizonte. E houve não exatamente um pacto, mas um entendimento de que cada um iria para um lado diferente", afirmou Assis, explicando por que o Bretas resolveu consolidar-se em cidades médias do interior mineiro, em um primeiro momento, e em Goiás, nos últimos dois anos. Das atuais 59 lojas, 42 estão em Minas Gerais, dezesseis em Goiás e uma na Bahia, na cidade de Teixeira de Freitas. A rede Mineirão posteriormente foi absorvida pelo Carrefour.
Para fazer a expansão este ano, o Bretas investirá R$ 70 milhões, parte de um financiamento de R$ 90 milhões que obteve junto ao BNDES. "Estamos tomando dinheiro do BNDES desde 1998. É o recurso mais barato do País, mas com grandes exigências para a liberação", comentou o empresário. Para abertura de novas lojas, estabeleceu dois critérios. "Nossa expansão precisa ser em áreas contíguas, por uma questão logística, e não nos interessa cidades muito pequenas, abaixo de 50 mil habitantes", afirmou. A exceção é a Bahia, onde o grupo começa a se instalar.
Assis não informa em quais municípios irá abrir lojas este ano, com exceção dos casos de Vitória da Conquista, Itumbiara (GO), Pirapora (MG) e Paracatu (MG), além, de novas lojas em Uberlândia (MG) e Goiânia.
Extremamente religioso, Assis vive de uma retirada mensal de apenas R$ 5 mil, em um apartamento de três quartos sem televisão. Doa R$ 45 mil por mês para entidades de caridade vinculadas à ordem franciscana.
Assumiu a presidência da entidade patronal com discurso nacionalista. "Não sei se é bom para o país ter nosso comércio em mãos estrangeiras. Somos os maiores com capital 100% nacional e dez vezes menores que as gigantes do setor. A preocupação nossa é continuar a existir", afirmou.
Veículo: Valor Econômico