Rexam corre para atender aquecimento da demanda

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Embalagens: Fabricante de latas de alumínio vai investir R$ 180 milhões

 

A explosão da demanda por bebidas neste verão de temperaturas acima de 40 graus pegou os fabricantes de latas de alumínio para cervejas, refrigerantes e sucos no contrapé. A maior empresa do setor, a Rexam, por exemplo, informou que vai importar um bilhão de unidades e acelerar investimentos de R$ 180 milhões em retomadas de fábricas e expansão de unidades no Brasil e no Chile. Em janeiro deste ano, a produção da indústria de latas para bebidas teve um crescimento 26% em comparação com o mesmo mês do ano passado.

 

Os concorrentes da Rexam, como Crown e LatapackBall também estão correndo para ampliar a oferta de material, bem como recorrendo a importações para complementar as necessidades de suas clientes no país.

 

Segundo André Balbi, diretor da Rexam - grupo inglês - para as Américas, a demanda neste verão ficou 5% acima da capacidade de produção. Ele explica que, antes da crise as previsões mais otimistas eram de que a indústria cresceria até 6% em 2009. Estas previsões foram revistas para estagnação e até para redução logo depois. No entanto, no fim do ano passado, a expansão verificada no mercado foi de 11,7%.

 

O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), Renault de Freitas Castro, reconhece que a indústria errou nas projeções. "Não só houve uma redução de produção, mas também de investimentos, o que foi mais grave", afirma.

 

O setor trabalha com investimentos na época do inverno. É nesta temporada que as fábricas podem reduzir um pouco o ritmo para executar as expansões de suas linhas. Uma fábrica de latinhas tem a capacidade de produzir três mil latas por minuto. Balbi conta que, cada vez que uma linha para para trocar um rótulo, o que demora cerca de 30 minutos, são 90 mil latas a menos no mercado. Por isso, no verão, obras são proibitivas.

 

Renato Estevão, diretor comercial da Rexam, lembra que, no fim de 2008, no auge da crise, quando sentaram para conversar com as indústrias e prever a produção do ano seguinte, os fabricantes de bebidas disseram que o que estava previsto, já pessimista, ainda devia ser revisto e reduzido. Balbi explica que a expectativa era de que a crise mundial fizesse a demanda por bebidas cair no Brasil. "Ninguém imaginava que tivéssemos um ano estável, quanto mais de crescimento".

 

Para correr atrás do prejuízo, a empresa, que hoje produz 11,5 bilhões de latinhas por ano, passará a produzir, no próximo ano, 13,7 bilhões com a reabertura da fábrica de Pouso Alegre (MG) e o aumento da capacidade já instalada das unidades em Jacareí (SP), Recife (PE) e no Chile. Este ano, a Rexam poderá ter de importar um bilhão de latinhas de suas fábricas nos Estados Unidos e do México. Isso também vai ajudar essas fábricas, pois nos EUA a demanda está em queda por conta da crise.

 

A fábrica de Pouso Alegre, em Minas - fundada pela antiga Latasa, adquirida em 2003 pela Rexam - tinha sido fechada em 2001 por questões de logística. A empresa vai aproveitar o maquinário da recém fechada fábrica de Dunkirk, na França, também afetada pela crise mundial. "Como temos o maquinário e o prédio, conseguiremos iniciar a produção no fim do ano".

 

Balbi conta que foi difícil explicar para a direção da empresa, em Londres, da necessidade de fazer tal investimento no Brasil. Segundo eles, os executivos ficaram temerosos em acreditar que este crescimento é sustentável, já que o gasto não pode ser feito para atender uma demanda de curto prazo. "Eles dizem que o Brasil é o único país que não percebeu que há uma crise no mundo". A argumentação foi que a indústria de bebidas brasileira vive para o mercado interno, que não enfrenta crises, graças, principalmente, ao crescimento da renda e classe C.

 

Com isso, a empresa vai conseguir elevar a produção para chegar ao próximo verão empatada com a demanda que, segundo a Abralatas, deve crescer novamente em torno de 10%. Balbi avisa que novos investimentos devem vir nos próximos anos se esse mercado continuar nos atuais níveis de expansão. Hoje, a empresa tem duas fábricas de tampa de latinhas, uma em Recife e outra em Manaus. Para o executivo, será necessário construir outra em dois ou três anos.

 

O diretor da Abralatas lembra que não é só a Rexam que está se expandindo. A Crown está erguendo uma nova fábrica no Paraná, com capacidade para fazer um bilhão de latinhas por ano. A Latapack-Ball terá outra instalação, ainda sem lugar definido, com capacidade de 750 mil embalagens. Renault Castro também destaca que este ano, com uma Copa do Mundo de Futebol (África do Sul, a partir de meados de junho), a demanda deve ser maior também no inverno, o que pode surpreender o setor.

 

A previsão da indústria é de ter de importar 1,5 bilhão de latinhas neste ano. Por isso, está pedindo ao governo a isenção de imposto de importação que hoje é de 16%. "Não queremos que isso seja mantido depois, porque a logística torna a importação muito mais cara do que a produção no país", garante Estevão, da Rexam.

 

Mas a crise não trouxe apenas resultados negativos para o setor. Segundo Balbi, ela tem um efeito positivo do ganho de eficiência. Antes de 2009, a Rexam trabalhava com um estoque de 200 milhões. Durante a crise, chegou perto de 80 milhões, e agora trabalha com um armazenamento em torno de 110 milhões. "Isto reduz os custos", lembra.

 

A Rexam também planeja investimentos em inovação. Além dos R$ 180 milhões nas fábricas, serão gastos mais R$ 20 milhões em novos modelos de latas e tipos de rotulagem. Destaca que foi a empresa quem inventou a 'sleek', o latão e a lata pequenina, por exemplo. Além disso, agora está conseguindo imprimir imagens de qualidade fotográficas nos rótulos. "Isso ajuda a indústria de bebidas a usar a latinha como veículo de comunicação e marketing, além de adicionar valor agregado à embalagem", afirma o diretor comercial.
 

Crown investe em nova fábrica no PR


  
A normalização do atendimento dos pedidos de latinhas de alumínio aos produtores de bebidas e sucos no Brasil vai ocorrer até o fim do ano, mas não faltará embalagens para ninguém, garante Rinaldo Lopes, presidente da Crown. Com duas fábricas - uma em Cabreúva (SP) e outra em Estância (SE), que foi inaugurada em outubro de 2009 -, a empresa já está construindo uma nova unidade em Ponta Grossa (PR), que está prevista para ficar pronta no primeiro trimestre de 2011.

 

Até lá, se for necessário para atender à demanda dos clientes, observa Lopes, a Crown trará o volume adicional de filiais do grupo Crow em países como EUA e México. No momento, segundo ele, o volume importado tem ficado "em torno de 5% a 8% da nossa capacidade". As unidades de Cabreúva e Estância podem fazer 3,5 bilhões de latinhas por ano.

 

Lopes observa que uma conjunção de fatores, como crescimento da renda da população, principalmente nas classes C e D, a saída do país da crise bem mais rápido que outras economias e o verão tórrido, levou ao aumento do consumo de bebidas e alimentos acima do previsto pelo setor e pelos próprios fabricantes de bebidas, sucos e alimentos.

 

No mercado de bebidas, o déficit de latas preocupa produtores de cervejas, refrigerantes, sucos e bebidas alcóolicas. A demanda nesses setores cresceu muito, principalmente no último trimestre de 2008 e manteve-se em alta neste início de ano. Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Paulo Mozart, "a demanda superou a expectativa". O mercado de energéticos, cuja produção é 90% embalada por latas, cresceu 17% em volume. Em cerveja, onde as latas respondem por 27%, as vendas chegaram a 7,7 bilhões de litros - quase 400 milhões a mais que em 2008.

 

A Crown, que chegou no Brasil em 1996, é uma joint venture entre a americana Crown Holdings - que tem 41 fábricas no mundo - e o grupo brasileiro Petropar S.A., do Sul. Cada um tem 50% do capital da empresa. Na fábrica sergipana e na de Ponta Grossa, a companhia está investimento próximo de R$ 300 milhões. Cada uma tem capacidade de produção de 1 bilhão de latas ao ano - Estância estará voltada ao Nordeste e Ponta Grossa vai desafogar Cabreúva e atender ao Sul.

 

O executivo informou que os investimentos das fabricantes de latas no país - Crown, Rexam e LatapackBall - a partir de 2008, indo até o fim deste ano, vão ampliar em cerca de 30% a capacidade do setor em relação ao volume anterior. Desde 2003, estava estacionado em 14,4 bilhões de unidades.

 

Veículo: Valor Econômico


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