Supermercados descumprem valores de encartes anunciados em promoções

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A divergência entre os preços anunciados em promoções e o valor praticado pelos supermercados no caixa pode chegar a até R$ 15 em alguns produtos. É o que revela pesquisa realizada pela Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) em estabelecimentos de São Paulo e do Rio de Janeiro. A maior discrepância foi verificada no champgnon, anunciado por R$ 19,90 e vendido por R$ 34,90.

 

O estudo também mostra que 10% dos produtos anunciados não estavam disponíveis nas prateleiras. Além disso, a falta do preço original afixado nas gôndolas ao lado do valor promocional é outro problema verificado pela Pro Teste. De acordo com a entidade, apenas 26% dos estabelecimentos cumprem a medida que auxilia o consumidor a conferir as diferenças antes da compra. A associação avalia ainda que a falta de itens anunciados nos cartazes revela que muitos lugares oferecem produtos sem tê-los em quantidade suficiente para sustentar a promoção por todo o período.

 

DICA - Para fugir de problemas, a Proteste alerta que o consumidor deve prestar atenção na hora que enche o carrinho e, principalmente, na hora de passar os itens pelo caixa. Segundo a entidade, a diferença não abrange todos os produtos. "Em caso de divergência de preço, o consumidor tem direito de pagar o menor valor. Por isso, é preciso ficar atento para não ter prejuízos", recomenda a associação.

 

Questionadas, as grandes redes negam os problemas (veja mais ao lado). E, como forma de provar que a pesquisa feita pela Pro Teste não condiz com o praticado nos supermercados, os grupos destacam que a competitividade de preços é uma das principais armas para atrair clientes. Segundo eles, além de cumprir os valores estabelecidos em campanhas promocionais, os varejistas trabalham para pôr em prática qualquer oferta feita pela concorrência.

 

De fato, na maioria dos supermercados, quando ocorre divergência de preços, prevalece o menor valor. No entanto, para isso, o consumidor tem que detectar o problema para exigir que o seu direito seja assegurado.

 

Na região, Valdomiro Sanches Bardine, gerente geral de operações da Coop, atesta que os estoques dos produtos oferecidos a preços promocionais são negociados com fornecedores antes da impressão dos encartes. "Isso é ponto de honra. Se anunciamos o produto, aquele preço é garantido. Não colocamos quantos itens temos disponíveis, só em produto de valor agregado alto e se percebemos que o estoque pode não ser suficiente, como eletrodomésticos, por exemplo, mas não é comum", explica o executivo.

 

Entidade recomenda atenção nas compras

 

A Pro Teste encaminhou o resultado da pesquisa para a Associação de Supermercados, pedindo maior controle dos dados promocionais e das práticas varejistas de cada rede. A entidade recomenda aos consumidores mais atenção na hora de fazer suas compras (veja mais acima).

 

Segundo a associação, as pesquisas foram feitas em novembro, mas o corrente desrespeito dos grupos pela prática dos preços estipulados nos encartes não descaracteriza resultados. "Há sempre os encartes e essa diferença pode ser encontrada sempre durante o período de promoção. Fizemos a pesquisa duas semanas e durante todo o processo encontramos divergências" diz a técnica da entidade, Michele Marques.

 

A especialista da Pro Teste alerta ainda que os maiores flagrantes foram detectados em supermercados com sede em São Paulo. "O consumidor tem de ficar atento e reclamar na mesma hora. Chame o gerente e aponte o erro."

 

Caso o estabelecimento negue-se a praticar o valor prometido nos encartes, Michele orienta o consumidor a pagar o preço exigido, mas procurar o Procon para registrar queixa. "Se não conseguir o atendimento, o cliente deve guardar o encarte junto com a nota fiscal e entrar em contato com o órgão", diz.

 

A entidade sugere ainda que o consumidor se acostume a fazer compras usando calculadora, para registrar os valores conforme retira os produtos das gôndolas e comparar se o total confere com o que for cobrado. "Eles oferecem muitos produtos com custos que não batem com o estipulado. Não é só nos preços de itens promocionais, é sempre bom o consumidor prestar atenção na hora que os produtos passam pelo caixa", pontua.

 

Redes afirmam que problemas já foram resolvidos

 

Todas as redes que tiveram produtos com preços diferentes do anunciado na pesquisa da Pro Teste afirmaram que os problemas encontrados foram pontuais e já estão resolvidos. Os grupos disseram ainda que o estudo não apresenta critérios técnicos de avaliação, o que, para eles, anularia a validade da pesquisa . "Vale dizer que, na maioria das vezes, a diferença é para baixo, beneficiando ainda mais o cliente", defende o Walmart em nota oficial.

 

O Grupo Pão de Açúcar (dono das marcas Pão de Açúcar, Extra e Compre Bem) informa que "é norma da empresa o controle e fiscalização dos preços para que estejam alinhados aos valores registrados no caixa. Em caso de divergência, é regra da companhia que o valor cobrado seja sempre o menor, em benefício do consumidor". Após o anúncio da pesquisa, o grupo alertou ainda que o assunto foi levado à direção da empresa "e os colaboradores foram orientados para que estejam atentos ao padrão de excelência exigido pela companhia", ressalta.

 

Os varejistas também negaram problemas com o estoque de produtos promocionais. Pão de Açúcar e Carrefour disseram que costumam divulgar nos materiais promocionais o número de itens disponíveis nas lojas da rede. "No entanto, dependendo da procura pelas ofertas anunciadas, os produtos em promoção podem terminar antes do previsto, razão pela qual em nossos anúncios sempre consta a quantidade disponível para venda e lojas participantes", destaca na nota oficial o Carrefour.

 

As redes explicam ainda que em todos os casos em que são detectados equívocos nos valores praticados, os supermercados cobram o menor preço ao cliente, assim como preza o Código de Defesa do Consumidor.

 

Veículo: Diário do Grande ABC


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