Mesmo sem o IPI, venda de bens duráveis se manterá alta

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As expectativas de varejistas como o Grupo Pão de Açúcar, a Cybelar e a rede de concessionárias Brasilwagen, além de pesquisas de intenção de compra dos consumidores nos próximos meses, mostram que bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, devem continuar a ter grande saída apesar do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que impulsionou as vendas em alguns setores no ano passado.

 

Redes de eletrodomésticos e eletrônicos, como a Cybelar, sediada no interior paulista, esperam vender cerca de 10% a mais que no ano passado, contando com o Dia das Mães e com a Copa do Mundo, o que também ajudará a fazer com que o varejo não sinta falta do benefício. Em algumas categorias as vendas podem chegar a 25% de crescimento. "As vendas de linha branca e móveis ainda estão aquecidas por causa do IPI e com a proximidade de datas como o Dia das Mães e a Copa o consumidor vai aproveitar o ritmo para comprar", afirma Ubirajara Pasquoto, presidente da rede.

 

Para Hugo Bethlem, vice-presidente do Grupo Pão de Açúcar, vários fatores irão contribuir para um bom ano para a companhia e alteraram a agenda do varejo: "Este ano já teve várias diferenças positivas. O carnaval foi cedo, com muito calor, o que foi excepcional; a Páscoa é cedo, que será muito boa, como os resultados até agora indicam, sendo que no setor de não-alimentos, há Dia das Mães e Copa", comentou ele. Com um bom primeiro semestre, a rede também seguirá o ritmo na segunda metade do ano: "No segundo semestre temos os aniversários das bandeiras [da rede] e as eleições, o que é positivo e gera um ciclo virtuoso até chegar o Natal", diz.

 

Veículos

 

As concessionárias aproveitam o benefício para baixar estoques, mas o setor acredita que as vendas continuarão boas mesmo depois de março, quando a redução do IPI no segmento acabar. Na Brasilwagen, que tem seis concessionárias da Volkswagen em São Paulo, a meta é de uma alta de pelo menos 10% nas vendas este ano, e a rede acredita ser possível repassar descontos ao consumidor até depois de março.

 

Para Luciano Almeida, gerente de Vendas da rede, é esperada uma pequena baixa em abril, mas nada que prejudique suas metas. "Em abril a fábrica já deve começar uma estratégia mais agressiva e aumentar o bônus às concessionárias, o que conseguimos reverter em descontos", afirmou.

 

Sérgio Reze, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) reforça: "Entendemos que não há mais necessidade do IPI. O benefício já levou a uma redução de 5,5% no preço de um veículo, mas hoje é de 1,5%, não é tão significativa. As montadoras ainda estão fazendo promoções sucessivas desde o começo do ano, a concorrência será forte", disse, durante divulgação dos dados do setor.

 

Confiança

 

Pesquisas que mostram a confiança e a intenção de compra dos consumidores reforçam que o consumo deve continuar em alta. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que registrou alta de 0,6% em março frente a fevereiro, por exemplo, indica que o consumidor está com boa perspectiva de realizar compras a prazo e com o orçamento equilibrado.

 

Segundo o economista da FGV Aloísio Campelo, a intenção de comprar de bens duráveis nos próximos meses atingiu em março o melhor nível obtido em cinco meses. Para o especialista, é "curioso" o avanço do interesse dos consumidores em março, visto que a redução do IPI não estará mais vigente no futuro.

 

Nas famílias com ganhos mensais até R$ 2.100 o indicador de confiança subiu 1,7% em março. E a avaliação do consumidor sobre o mercado de trabalho também mostrou em março o melhor desempenho da série histórica do ICC, iniciada em setembro de 2005.

 

Pesquisa do Ibope Inteligência -feita com o Pyxis 2010, ferramenta lançada ontem no mercado e que mede a demanda por diferentes bens de consumo em todo o Brasil- mostra que a categoria de eletrodomésticos correspondeu a um consumo domiciliar de R$ 94,3 bilhões em 2009, valor que só fica atrás do gasto com a alimentação, que é de R$ 226,7 bilhões.

 

No setor de vestuário, também aquecido, o consumo foi de R$ 81,4 bilhões; material de construção obteve R$ 63,9 bilhões, e higiene, R$ 37,0 bilhões.

 

Veículo: DCI


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