Após acordo, TV ainda expõe comida gordurosa a crianças

Leia em 3min 40s

Fabricantes continuam exibindo propaganda no intervalo de programas infantis


Para ONG, publicidade de empresas permanece na TV e induz as crianças ao consumo de alimentos ricos em sal, açúcar ou gordura

 

A indústria alimentícia continua anunciando seus produtos em programas de TV tipicamente infantis, apesar do compromisso anunciado em 2009 pelo qual se comprometia a não a fazer publicidade de alimentos ou bebidas para crianças com menos de 12 anos.

 

O documento assinado por 24 empresas como McDonald's, Kellogg's e Nestlé foi uma tentativa do mercado de se autorregulamentar quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) discutia limitações à publicidade de alimentos ricos em sal, gordura e açúcares voltada a crianças.

 

A Folha encontrou propagandas do McDonald's sobre o produto "McLanche Feliz" em intervalos de programas infantis na Discovery Kids, Cartoon Network, Globo ("TV Globinho") e SBT ("Bom Dia & Cia"). "No mundo feliz do Ronald McDonald está todo mundo se mexendo", diz o anúncio em que garotos jogam futebol, veiculado no mês passado.

 

O produto Sucrilhos Mania, da Kellogg's, também está entre os que continuaram nos intervalos de desenhos animados segundo o Instituto Alana, ONG que atua na área de direitos da criança e estuda a adaptação das 24 empresas ao compromisso por elas assinado.

 

A discussão sobre a permanência da publicidade nas mídias infantis foi inócua. Isso porque ela especificava apenas que os anúncios estariam extintos de mídias com 50% ou mais de público infantil -zero a 12 anos.

 

Dados do Ibope, porém, mostram que não há nenhum programa com tamanha audiência na TV aberta. E na fechada tampouco. No Cartoon Network, por exemplo, de cada cem telespectadores, 41 têm de 4 a 11 anos, segundo a medição do Ibope nos oito maiores mercados de TV paga, entre janeiro e 2 de agosto do ano passado.

 

Outra exceção que permite a publicidade são os critérios nutricionais apontados pelos próprios fabricantes. Em outras palavras, se um produto se encaixa no que consideram saudável pode ser anunciado.

 

Para Isabella Henriques, do Instituto Alana, ONG que atua na área de direitos da criança, "a norma tem tantas exceções que, na prática, nada mudou. As propagandas permanecem e induzem as crianças ao consumo de alimentos ricos em sal, açúcar ou gordura", diz.

 

Isso, segundo ela, tem relação direta com o problema da obesidade infantil. Dados de 2008 do Ministério da Saúde mostram que nos 29 anos anteriores, o aumento do índice de massa corpórea entre meninas de 10 a 19 anos foi de 70%.

 

Ela, assim como outros órgãos de defesa do consumidor, defendem que as propagandas deveriam ser para os pais, já que as crianças são facilmente conquistadas pela propaganda.

 

Para Susan Linn, psicóloga e diretora da "Campanha por uma Infância Livre de Comerciais", nos EUA, é preciso vontade política para impor limites à publicidade para crianças.

 

A Anvisa informou que a mudança do texto da resolução que regulamentará a publicidade de alimentos -que afrouxou as regras para anúncios para crianças ao tirar o veto ao uso de personagens e brindes, entre outros -se deu para tornar o texto mais viável. Segundo a agência, o objetivo é evitar que ocorra o mesmo que em tentativas passadas de regulação.

 

outro lado

 

Empresas afirmam que seguem norma

 

As empresas do setor alimentício afirmaram que seguem a norma e que anunciam produtos que se inserem em determinados critérios nutricionais.

 

O McDonald's informou que já segue, voluntariamente, seu próprio código de ética. Nas campanhas de McLanche Feliz, por exemplo, a composição é sempre a formada por "nuggets" de frango, suco e "cenouritas", "seguindo os critérios nutricionais adotados por organizações internacionais".

 

A Kellogg's informou que incentiva uma alimentação equilibrada, com frutas e verduras, e a prática de esportes.

 

O vice-presidente executivo da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), Rafael Sampaio, diz que a autorregulamentação trouxe vantagens em países da Europa e nos EUA, onde já foi adotado.

 

Veículo: Folha de São Paulo


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