Fabricante sueca das famosas caixinhas cartonadas diversifica e passa a embalar de água mineral a feijão pronto para consumo
Quem visita a sede da fabricante sueca Tetra Pak, em São Paulo, não consegue disfarçar a surpresa na hora em que o café e a água são servidos na sala de reunião. A bebida mineral da marca Ouro Fino chega à mesa armazenada em uma caixinha azul de 300ml. Esta é a primeira incursão da fabricante de embalagens cartonadas longa vida no campo das águas.
O produto, muito usado por fabricantes de leite tradicional e de soja, derivados, sucos, água de coco e polpa de tomate, deverá embalar inicialmente os produtos de nicho como as águas premium, um dos pilares do crescimento futuro da companhia que, só neste ano, deve avançar 10% no Brasil.
Novas marcas de água mineral deverão surgir embaladas em Tetra Pak a partir de 2011. Pelo menos, este é o desejo de Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak para a América do Sul, América Central e Caribe, que tem como missão convencer os fabricantes de água a substituir a embalagem PET pela sua, que tem selo verde FSC (Forest Stewardship Council). “A embalagem, que é 100% reciclável, tem 75% de papel, uma matéria-prima de fonte renovável”, diz.
Além desta vantagem ambiental, Nigro assegura que o custo da embalagem cartonada, em função do volume, será igual ou menor que a do PET para embalagens pequenas, de 300 ml a 500 ml. Mas e as embalagens maiores, como a de um litro? Nigro admite que o PET ainda apresenta vantagem de custo. “Mas isso é hoje, pois vamos brigar”, avisa o executivo.
Embora a categoria de água mineral seja um alvo para a companhia, é no campo dos alimentos sólidos que Nigro deseja se destacar nos próximos anos. A estratégia da Tetra Pak ganha forma nas caixinhas que embalam o feijão da Camil, empresa de beneficiamento e distribuição de arroz e feijão. A leguminosa vempronta para consumo. Ou seja, cozida e temperada. “Cozinhar o feijão é um hábito que está caindo em desuso. A consumidora não tem mais tempo para isso”, afirma.
Vislumbrando futuras oportunidades, a filial brasileira usa a embalagem cartonada Tetra Recart, voltada ao envasamento de produtos que são tradicionalmente acondicionados em latas e vidros como vegetais e sopas com pedaços. A vantagem desta tecnologia é que ela conserva o alimento por até 24 meses semusar conservantes.
O produto é esterilizado dentro da embalagem com sistema de autoclave, o mesma utilizado para latas e vidros. Comesta tecnologia, a Tetra Pak conquistou a marca Quero, da Coniexpress, a primeira indústria brasileira a lançar produtos com Tetra Recart. Nas gôndolas já é possível encontrar milho, ervilha e seleta de legumes neste tipo de envase.
A tecnologia é muito difundida em países como a Itália e a Espanha, que comercializam respectivamente tomate pelado e azeitonas em Tetra Recart.
Fazer com que novos fabricantes optem pelas embalagens da Tetra Pak será um desafio para Nigro e ele sabe disso. “Quando foi lançado, o leite longa vida tinha muitos incrédulos. Questionavam como o leite poderia ser conservado em temperatura ambiente e sem conservantes. Hoje, o leite longa vida responde por 75% a 80% de todo leite fluído vendido no Brasil. Com o feijão, o ceticismoéomesmo”, acredita.
Nigro diz que as principais vantagens de Tetra Recart são a segurança alimentar, a praticidade e a preservação do sabor. Ofeijão foi eleito para introduzir o consumidor de alimentos sólidos na era Tetra Pakpor se tratar de um alimento popular.
Veículo: Brasil Econômico