Volta do IPI já reflete alta de preços e venda menor

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Perspectiva de elevação de juros esta semana também tende a encarecer crédito e traz impacto para o consumo

 

Além de reduzir o ritmo de crescimento nas vendas deste ano, a retomadada cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)embens duráveis (como eletrodomésticos) faz com que um aumento de preços seja inevitável nos próximos meses. Desde janeiro, os fabricantes sentiam os efeitos da alta no preço de matérias- primas, como o aço, usadas na fabricação dos produtos. “Com o IPI, teríamos meios de amenizar isso”, afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).

 

Somando essa questão à aguardada elevação da taxa básica de juros (Selic) pelo Conselho de Política Monetária (Copom) hoje, os consumidores devem se preparar para encontrar eletroeletrônicos, carros e móveis menos acessíveis em breve. Isso porque o crédito tende a ficarmais caro também.

 

O segmento de automóveis, maior beneficiado pela isenção do IPI, deve ser um dos primeiros a sentir amudança. “Alguns bancos já transferiram projeção de alta dos juros para as linhas de crédito de veículos. As financeiras das montadoras, porém, ainda não fizeram o repasse. Provavelmente, isso acontecerá logo após a reunião do Copom”, estima Luiz Montenegro, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).

 

Segundo projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em 2010 serão licenciados 3,4 milhões de automóveis, um crescimento de 9,3% em relação ao ano passado. “Isso demandará mais crédito, cujo saldo pode chegar a R$ 180 bilhões, volume 15% superior ao de 2009”, diz Montenegro.

 

Inflação

 

Não só o crédito tende a pesar mais no bolso do brasileiro como o próprio preço dos automóveis já vem se elevando nos últimos meses. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – 10 (IPC-10), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta alta no valor dos automóveis novos desdemaio do ano passado, mês em que houve deflação de 0,57%. Ainda em janeiro, com a redução do IPI apenas para o segmento flex, a inflação do carro teve queda de 0,20%. Já em março, último mês da isenção no setor, a inflação passou de uma queda de 0,05% para alta de 0,88%. “Isso é explicado por uma redução dos estoques de carros adquiridos pelas concessionárias sem o IPI, o que dámenor poder de barganha para o consumidor. O fator psicológico contou muito em março, também, quando as pessoas correrampara comprar”, explica André Braz, economista da FGV.

 

Para a linha branca, o cenário se repete. A última deflação dos preços das máquinas de lavar foi emnovembro de 2009 (-1,78%). Em dezembro, a inflação foi de 0,77% e chegou a 1,29% em abril. Mesma alta foi apurada para os refrigeradores, que vinham de uma deflação de 1,31% em novembro. Fogão, que teve queda de preços de 0,70% em dezembro, já apresenta alta de 1,49% em abril.“A capacidade produtiva da indústria se aproxima do limite, a demanda está muito aquecida e os indicadores econômicos apontam para expansão de consumo, o que pressiona os preços”, explica Braz.

 

Mesmo com preços mais elevados no mercado, a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) anunciou uma alta nas vendas de até 30% no primeiro trimestre do ano. O ritmo de crescimento aguardado para 2010, porém, não deve ser mais acelerado que do ano passado. “Tivemos um faturamento adicional de R$ 1,7 bilhão como incentivo do IPI. Mesmo sem este fator, ainda esperamos um ano bom. Poderia ser melhor, claro”, diz o presidente da entidade, LourivalKiçula.

 

Pesquisa da FGV, encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), aponta que a manutenção do IPI para construção civil traria um incremento de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos dois anos. De fato, o governo decidiu prorrogar o benefício para o setor até dezembro. “Com isso, esperamos crescer 15% em 2010, o que nos faz refletir sobre o impacto da elevada carga tributária no país”, afirma o presidente Melvyn Fox. Para ele, a medida contribui para gerar mais emprego formal e elevar os investimentos em infraestrutura.

 

Veículo: Brasil Econômico


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