Selmi e Nestlé investem em massa instantânea

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Não foi com arroz, nem com feijão. Quando a renda do consumidor aumentou, foi com massa instantânea que ele resolveu gastar. Prova disso é que dentre todos os produtos alimentícios, os pacotinhos de macarrão que já vêm com tempero foram um dos itens que tiveram maior crescimento de vendas no ano passado, segundo a Nielsen. Elas pularam de R$ 759 milhões em 2008 para R$ 822 milhões, com alta de 8,4% (veja quadro). Em 2010, para continuar vendendo mais, a indústria está apostando na evolução da categoria, com produtos mais elaborados. Até uma rede de restaurantes de macarrão lámen (palavra japonesa para massa instantânea) será inaugurada para promover novas maneiras de consumir o produto.

 

"Fizemos uma parceria com o chef Sérgio Arno para o desenvolvimento de receitas que farão parte do cardápio do restaurante Renata Express", diz Ricardo Selmi, presidente do Pastifício Selmi, dono da marca de massas Renata. O primeiro restaurante será inaugurado no mês que vem no Shopping Tamboré, na Grande São Paulo. "Será uma loja piloto para uma rede de franquias só de massas instantâneas para serem servidas na hora", explica Selmi. Com isso, o empresário espera que as vendas do produto para ser feito em casa sofram um impacto positivo no ano de 15% em relação a 2009, graças à projeção de imagem que ele espera que a marca Renata Express alcance.

 
 
A Nestlé, dona da marca Maggi, aposta no costume do brasileiro de personalizar a receita do macarrão instantâneo. Por isso está lançando uma nova linha na qual o sachê do tempero vem com pedacinhos de vegetais in natura desidratados. "O consumidor brasileiro, diferentemente dos outros na Europa ou nos Estados Unidos, não prepara a massa como sopa, com aquele caldo. A maioria das pessoas gosta de acrescentar feijão, presunto, e muitos outros ingredientes na receita, tranformando o preparo em algo personalizado", diz Salvador Pimentel, diretor da linha de produtos Maggi da Nestlé. A companhia também está lançando uma versão com massa integral.

 

Com inovações desse tipo, as duas fabricantes esperam - como dizem - "enriquecer a categoria" com produtos mais elaborados, mas sem provocar grandes alterações de preço. "O valor acessível é um dos pilares dessa categoria", diz Pimentel. O pacotinho de macarrão que fica pronto em cinco minutos custa menos de R$ 0,80 na maioria dos supermercados do país. A combinação de preço baixo, praticidade e versatilidade de receitas para o preparo, segundo ele, foram os fatores que impulsionaram o consumo no ano passado. Isso explica porque, de acordo com o diretor, as regiões Norte e Nordeste foram as que apresentaram as maiores taxas de expansão nas vendas em 2009.

 

Por isso, a multinacional está ampliando as linhas de produção na sua fábrica na Bahia, inaugurada em 2007. "O aumento de consumo superou nossas expectativas e estamos tendo que aumentar a capacidade", afirma. A Nestlé não revela o valor do investimento.

 

A Selmi também está investindo em mais capacidade produtiva. São R$ 40 milhões para ampliar as linhas de produção de massas e também de biscoitos na fábrica de Sumaré, no interior de São Paulo.

 

Todos esses esforços - tanto no campo dos investimentos quanto no das inovações - têm uma meta em comum: garantir uma fatia maior em um mercado que está cada vez mais competitivo. "Muitas empresas de biscoito passaram a fazer lámen também", afirma Ricardo Selmi. A Parati e a Panco são dois exemplos. Com isso, o número de competidores no segmento quase triplicou nos últimos cinco anos. Não é para menos. Dentro do mercado de massas, o de lamén é um dos mais rentáveis. Apesar de representar apenas 11% do volume de massas vendido, responde por 23% do faturamento do setor.

 

Veículo: Valor Econômico


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