Comida estragada tem endereço certo: sua mesa

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Somente nos quatro primeiros meses do ano, 21 toneladas de alimentos deteriorados ou com prazo de validade vencido foram apreendidas pela polícia em São Paulo. Lista inclui balas, biscoitos, carnes, queijos e chocolate

 

Do pacote de feijão aos cortes nobres de carne, os mais variados tipos de comida que chegam à mesa do paulistano podem estar estragados. Entre 1º de janeiro e 27 de abril, a Divisão de Crimes Contra a Saúde Pública apreendeu 21 toneladas de alimentos impróprios para consumo somente em estabelecimentos da capital, média de 5,5 mil quilos por mês. Houve ainda 12 prisões. Parte da mercadoria, segundo policiais, tinha como destino grandes redes de hipermercados de São Paulo.

 

Os problemas vão desde o prazo de validade vencido até comidas com selos falsos de marcas conhecidas. Do total de alimentos recolhidos das prateleiras, os queijos ocupam o primeiro lugar no ranking. Dezessete toneladas do produto foram flagradas desde janeiro (leia quadro ao lado). Na ação mais recente, 15 toneladas de mussarela foram apreendidas com o prazo de validade vencido em uma fábrica da zona norte. As peças com cor esbranquiçada eram lavadas e novamente embaladas. A polícia diz que o produto iria para o Carrefour. Segundo a rede, medidas já foram adotadas.

 

Segundo o delegado Sérgio Norcia, da Divisão de Crimes Contra a Saúde Pública, de três a quatro denúncias por dia são recebidas pelo departamento. Norcia explica que o auxílio da população é fundamental para ajudar a identificar as lojas com alimentos suspeitos. O delegado destaca casos curiosos atendidos por ele. “Teve uma moça que veio aqui com um sorvete com uma barata dentro. Fomos atrás da lanchonete, que mostrou o comprovante de dedetização. Mas é preciso cautela para investigar essas situações”, conta. Há quem leve para casa latas de cervejas com insetos e até pipocas de micro-ondas com pedaço de ferro.

 

Norcia diz que equipes de duas delegacias investigam comércios e queixas recebidas na divisão, que integra o Departamento de Polícia de Proteção ao Consumidor (DPPC), aberto em agosto de 2009. Antes, cada distrito policial investigava os casos isoladamente. Por isso, os dados começaram a ser computados no fim do ano passado. Só em dezembro, 30 toneladas de carne foram contabilizadas em um flagrante - parte delas era de cachorro.

 

A dona de casa Maria Lucia Alexandrino, de 41 anos, optou por não reclamar depois de ter comprado uma caixa de almôndegas estragadas. A caixa indicava que o produto estava dentro da data de validade. “Quando a embalagem foi aberta, a carne estava grudenta”, relata. Mesmo assim, ela ainda colocou molho e, ao provar, sentiu o gosto azedo. “Joguei tudo fora e não voltei ao mercado”, diz.

 

Evanize Segala, subgerente da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), da Prefeitura, recomenda o contrário. Ela afirma que as pessoas precisam reclamar dos estabelecimentos e podem fazer isso de duas formas: pelo telefone 156 ou na praça de atendimento, na Rua Princesa Isabel, número 181 (leia mais abaixo). A lei 8.137 prevê prisão de um a quatro anos, ou multa, para quem vende produtos cuja embalagem, peso e composição não correspondem à classificação oficial ou que misturam gêneros e mercadorias de espécies diferentes para vendê-los como puros.

 

Resposta

Em nota, o Carrefour informou que retirou os alimentos provenientes da fábrica flagrada. “A medida preventiva demonstra o rigor que o Carrefour tem com a qualidade”, informa o comunicado.

 

APREENSÕES

 

Carnes bovina e suína (pernil): 380 kg e 175 kg, nessa ordem

 

Embutidos (salsicha etc): 125 kg

 

Toicinho, peixe e frango: 300 kg, 122 kg e 75 kg, nessa ordem

 

Queijos e ovos: 17 toneladas e 15 dúzias, nessa ordem

 

Massas: 30 kg

 

Bolos e pães: 69 kg

 

Cereais (grãos e barras) : 25 kg

 

Balas: 35 kg

 

Bolacha: 300 pacotes

 

Chocolate: 15 kg

 

Pé de moleque: 50 kg

 

Doce de leite: 25 kg

 

Risoto: 150 pacotes

 

Yakisoba: 300 pacotes

 

Sopas: 100 pacotes

 

Amendoim japonês: 100 kg

 

Frutas secas: 130 kg

 

Bebidas: 150 litros

 

Arroz e feijão: 1.500 kg

 

Farinha: 145 kg

 

Tempero pronto: 430 kg

 

Leite Longa Vida: 250 caixas

 

Peixes

 

Veja se ele está firme e resistente à pressão dos dedos. O ventre do animal tem que estar normal: nem murcho nem estendido

 

O olho do peixe deve estar brilhante com a pupila escura. Quando os olhos estiverem esbugalhados e turvos significa que o produto está deteriorado

 

As brânquias costumam estar vermelhas e úmidas. Peixe com a coloração pálida pode estar estragado e impróprio para consumo

 

O peixe deve apresentar um cheiro normal de maresia. Se estiver com um aroma forte ou azedo indica que está em processo de deterioração e a compra não é recomendada

 

Queijos

 

Se o queijo for tipo Minas, preste atenção no produto, que não pode apresentar muitos buracos. O mesmo vale para o soro. Se ele estiver leitoso é sinal de que algo está errado. O queijo fresco tem soro com uma cor limpa ou ligeiramente amarelada

 

Se o queijo tipo Minas estiver amolecido e com sabor doce ou de leite estragado, não deve ser consumido

 

Na mussarela, procure o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Isso garante que o fabricante do produto é fiscalizado pelo Ministério da Agricultura

 

Veja se o queijo não tem uma camada esbranquiçada e também não apresenta um odor muito forte

 

Mortadela

 

A cor esverdeada é a principal indicação de perigo. Ela indica que o produto sofreu alterações de qualidade, que podem ser de ordem físico-química ou microbiológica, tornando o produto impróprio para o consumo

 

A cor também mostra com que tipo de carne a mortadela foi feita. Mortadelas com cores mais rosadas geralmente são fabricadas com quantidade maior de carne suína, enquanto as mais avermelhadas indicam que foi usada maior quantidade de carne bovina

 

Não compre produtos expostos na vitrine dos mercados. Tente fazer com que o funcionário fatie a mortadela na hora, na sua frente

 

Carnes

 

Veja se a carne está vermelha, com odor característico e fresco. A carne excessivamente vermelha pode conter aditivos químicos. Isso pode prejudicar a saúde

 

Se a carne apresentar cor marrom ela pode ter sido congelada e descongelada. É bom evitar

 

Antes da compra, aperte o produto para ver se é firme. Se a carne estiver muito mole pode estar em estado de putrefação. Em caso de carnes embaladas, se as caixas grudaram uma na outra, é um indício que o local foi congelado e descongelado

 

Nunca compre carne previamente moída. Peça para moer na hora. Isso é um direito do consumidor

 

Veículo: Jornal da Tarde


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