Além da comodidade de não precisar sair de casa, comprar remédios pela internet pode representar economia para o bolso do consumidor. Pesquisa realizada pela reportagem com dez medicamentos de marca em quatro grandes redes de drogarias verificou que o preço na web pode ser até 70% menor em relação ao valor máximo permitido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
É o caso do Sinvascor (Sinvastatina) de 10mg, utilizado no tratamento de pacientes com colesterol alto. A caixa com 30 comprimidos pode custar até R$ 47,27, mas o medicamento é vendido por R$ 14,18 em uma das redes pesquisadas - uma diferença de R$ 33,09 ou de 70%.
O antibiótico Amoxil (Amoxicilina) de 500mg também foi encontrado com uma variação significativa. Apesar de a Anvisa estipular o valor máximo de R$ 64,36, a caixa com 30 cápsulas chega a custar a metade do preço (R$ 32,18) no site de uma grande rede de drogarias.
Todos os remédios pesquisados pela reportagem apresentaram preços mais baixos que o teto determinado pela Anvisa. Além do Sinvascor e do Amoxil, os outros medicamentos foram encontrados com valores de 25% a 40% menores.
De acordo com a diretora do Procon de Santo André, Ana Paula Moraes Satcheki, preços mais baixos na web não são exclusividade das empresas de medicamentos. "Assim como acontece com outros produtos, como livros, por exemplo, os remédios ficam mais baratos porque as empresas não têm custo de locação do ponto, o número de funcionários é bem menor e não é necessário investir em itens como balcão e prateleiras", esclarece.
Além do custo menor de operação, o presidente-executivo da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), Sérgio Mena Barreto, cita a concorrência acirrada no mundo virtual para explicar os preços mais competitivos.
"Por meio da internet o consumidor tem como pesquisar e comparar preços em várias lojas muito mais facilmente. Esse fato faz com que preço seja mais agressivo no site para tentar conquistar aquele cliente. Além disso, o volume de vendas pela internet é menor e assim as empresas conseguem diferenciar os descontos nesse canal", afirma Barreto.
Cuidados - Conseguir um desconto na farmácia fez ainda mais diferença após a Anvisa ter autorizado o reajuste de até 4,83% nos medicamentos, que entrou em vigor no dia 31 de março. Contudo, é necessário ficar atento na hora de usar a internet como ferramenta de consumo para não colocar a saúde em risco.
"A principal recomendação é comprar de uma empresa que você já conheça e tomar cuidado com sites que não têm como garantir sua procedência. A legislação exige que a empresa que vende pela web também deve ter uma loja instalada fisicamente. E no site deve ter um 0800 para que a pessoa consiga tirar dúvidas com o farmacêutico responsável", orienta o presidente-executivo da Abrafarma.
Além de jamais comprar de redes desconhecidas, a diretora do Procon ressalta que o consumidor deve checar a segurança da transação. "Ele precisa ver se aparece o cadeado de segurança no canto da página (no momento em que digita seus dados bancários) e imprimir todas as telas", explica Ana Paula.
Na compra de medicamentos vendidos sob prescrição médica, Barreto adverte que o consumidor deve fazer um cadastro no site e preencher com os dados da receita. "Quando o entregador chegar com o remédio ele deve checar a receita", diz.
Outro cuidado é se certificar que o medicamento prescrito é o mesmo que aparece na tela. "Como a Anvisa não permite que o site exiba a imagem da caixa do medicamento, o consumidor deve ler atentamente a receita e confirmar se o remédio é aquele mesmo para não usar um produto equivocadamente", lembra o presidente-executivo da Abrafarma.
A diretora do Procon de Santo André faz ainda um alerta: "A venda pela web permite a automedicação. Por isso é importante que o consumidor não apenas procure o menor preço, mas que faça um uso racional e não coloque sua saúde em risco", aconselha Ana Paula.
Veículo: Diário do Grande ABC