O cenário parece pouco receptivo para a promoção do desenvolvimento sustentável. A Conferência das Partes, COP-15, que pretendia um acordo mundial para conter o aquecimento global, fracassou. A crise financeira ainda ameaça. O mundo corporativo, porém, não abandonou a ideia de fazer negócios que, além de lucrativos, respeitem o meio ambiente e promovam a inclusão social.
As empresas estão conscientes e fazendo muito; mais até que os governos, na opinião de Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social que inicia hoje em São Paulo sua conferência internacional. "Pena que os governos, não importa de que países, não fiscalizem e também não demonstrem preocupação com políticas públicas que levariam ao cumprimento de leis", diz. "Se houvesse leis, não teríamos desastres ambientais, nem tantos rombos financeiros."
A aposta em políticas públicas alinhadas com um mundo mais sustentável está nos próximos governos. Sobre esse tema é que falarão hoje, na Conferência do Ethos, representantes dos partidos dos três principais candidatos à Presidência da República: Francisco Graziano (PSDB), Carlos Minc (PT) e João Paulo Capobianco (PV). Eles deverão contar qual espaço a responsabilidade social e a sustentabilidade terão no programa de governo das suas legendas.
A programação de hoje trará ainda o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que deve explicar como a exploração do pré-sal pode participar do desenvolvimento de tecnologias limpas, reduzir desigualdades e ainda ser ponta de lança para a implantação de políticas públicas em benefício da educação e do conhecimento.
O empresário Ricardo Young, também conselheiro do Ethos, considera que o desafio é introduzir uma nova economia, uma nova teoria. "Há problemas a serem enfrentados, como a água, novas mídias, as crises globais; as empresas estão assustadas, se perguntam de onde virão os bilhões para salvar a economia europeia; diminuindo o poder de compra dos consumidores ou enfrentando a inflação?"
Veículo: Valor Econômico