Varejo acirra disputa no comércio eletrônico

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O ritmo frenético de crescimento do comércio eletrônico (e-commerce) no País, que engorda os cofres das lojas virtuais, está levando empresas tradicionais do varejo a acelerarem sua entrada neste segmento. A gigante norte-americana Wal-Mart é a mais nova integrante deste clã, que neste ano deverá movimentar R$ 8,5 bilhões, incremento de 35% em relação a 2007. A entrada da supermercadista no mundo virtual, a partir de 1º de outubro, acirrará a disputa com as líderes do segmento B2W (Americanas.com e Submarino), Grupo Pão de Açúcar (Extra.com.br) e Fast Shop. Ainda neste ano, a disputa ficará mais quente com a chegada do Carrefour e com a adesão da Casas Bahia a este time.

 

A nova empreitada do Wal-Mart consumiu investimentos da ordem de R$ 25 milhões e praticamente dez meses de trabalho, envolvendo cerca de 100 pessoas, com a meta de desenvolver um projeto diferenciado do das lojas virtuais existentes. "Será um marco para nossa empresa, o momento de agregar mais um negócio ao Wal-Mart Brasil. Mais uma vez, esta é a confirmação do compromisso da companhia em investir agressivamente neste país", disse o presidente da rede, Héctor Núñez. Fora o novo canal, a varejista criou um televendas.

 

Mais do que o lançamento de uma nova plataforma de negócios no Brasil, o projeto do e-commerce é o primeiro passo da estratégia do Wal-Mart de lançar um serviço global no segmento. "Este é um plano futuro, a empresa possui sites nas operações do Reino Unido, Japão, México e Estados Unidos. O site seguirá a política das lojas físicas: oferecer preço baixo sempre", afirmou Carlos Fernandes, vice-presidente da divisão de E-commerce da rede. Segundo o executivo, para se ter idéia do potencial, o volume de vendas do site da rede nos Estados Unidos é mais que o dobro dos demais existentes naquele país, garante Fernandes.

 

Formato

 

O lançamento do canal de comércio eletrônico acontece em momento oportuno, com a proximidade do Dia da Criança, e principalmente, do Natal, a data mais aquecida para o comércio. "Acreditamos que este será o melhor Natal da história da rede no Brasil. Estamos estruturados para alavancar nossos resultados e o e-commerce vai colaborar para isso", afirmou o presidente.

 

A loja virtual será composta por 11 categorias de produtos não-alimentos distribuídos entre informática, games, eletrônicos, beleza e saúde, telefonia, brinquedos, eletrodomésticos, esporte e lazer, cine e foto, relógios e eletroportáteis, que totalizam mais de dez mil itens.

 

A estratégia servirá para reforçar a marca Wal-Mart entre os clientes das redes Bompreço no Nordeste e Big no Sul - este comercializa alimentos em seu site. Os clientes dessas regiões poderão acessar o site das respectivas bandeiras e serão direcionados à homepage do Wal-Mart, que terá a possibilidade de atender todo o País, visto que a rede está em 18 estados mais o Distrito Federal.

 

Segundo Flávio Dias, diretor de E-commerce, "um dos diferenciais do canal em relação aos demais será a interatividade com o cliente, permitindo, por exemplo, que ele tenha informações sobre o que os outros consumidores vêem, compram ou buscam no site".

 

Para Fernando Di Giorgi, diretor da Uniconsult, que desenvolveu o sistema de e-commerce do Wal-Mart, da Americanas.com, Extra.com.br e da Shoptime, a rede norte-americana movimentará ainda mais o mercado de vendas pela Internet, pois, devido ao "atraso", investiu para começar com uma loja virtual com um nível maior de facilidades. "Eles [o Wal-Mart] entrarão em um patamar muito alto. A idéia é ver o que todos estão oferecendo e acrescentar mais um diferencial, como facilidade de navegação", destacou Giorgi, em entrevista ao DCI. Ele diz que algumas redes tradicionais tiveram dificuldade de entrar no segmento em função do modo de gestão e logística que adotariam, pois 65% das compras são de apenas um item.

 

De olho no serviço feito pelas líderes nas vendas eletrônicas, a empresa terá serviço de entrega expressa no mesmo dia para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, nos pedidos feitos até o meio-dia, por um custo extra. A operadora logística responsável pelas entregas será a Total Express, localizada próximo da sede do Wal-Mart, em Alphaville (SP).

 

A respeito da crise internacional, Héctor Núñez diz que "a situação de crise nos Estados Unidos é algo que não se vê há 80 anos, mas eles estão tomando as medidas adequadas para contornar a situação". Para ele, ainda não é possível saber os desdobramentos da crise aqui, mas há um reflexo no câmbio, "que está flutuando faz duas semanas", afirmou o presidente do Wal-Mart.

 

Concorrência

 

No Grupo Pão de Açúcar, as vendas nos canais virtuais das bandeiras Extra e Pão de Açúcar representaram, em 2007, 2% do faturamento da companhia e a projeção é de este percentual mais que dobre neste ano. "No primeiro semestre deste ano a loja virtual cresceu 210% em relação ao mesmo período de 2007", ressaltou Oderi Leite, diretor do Extra.com.br. A empresa, que há 13 anos atua neste segmento, anunciou aporte nessa área de R$ 40 milhões, até 2010, além de ter criado um novo sistema de entrega rápida que permite, no caso de uma compra no Nordeste, por exemplo, chegar ao destino em um dia útil, quando poderia levar até 8 dias.

 

O líder do setor supermercadista, Carrefour, ainda lançará sua plataforma de comércio eletrônico este ano, de acordo com Roberto Britto, diretor de Não-Alimentar e Serviços. "A rede planeja ampliar sua atuação no País por meio de uma operação e-commerce para atender de forma completa o cliente." Desde maio, a varejista atua com a Turismo Carrefour pela Internet.

 

Maior varejista de eletroeletrônicos do País, a rede Casas Bahia, por meio de sua assessoria, confirmou que iniciará suas atividades de e-commerce este ano. Uma das condições para a iniciativa é alcançar uma base de cartões private label emitidos acima de quatro milhões, uma maneira de fidelizar clientes e garantir massa crítica para o e-commerce.

 

Veículo: DCI


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