Otimismo embala feira têxtil em Blumenau.
Após uma edição complicada com a crise mundial do ano passado, a 11ª Feira Internacional da Indústria Têxtil (Texfair) abriu ontem em Blumenau, com boas perspectivas de negócios em 2010. Embora o tamanho da feira e a quantidade de expositores esteja igual aos anos anteriores – 200 empresas, com 400 marcas – o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex) e promotor da feira, Ulrich Kuhn, garantiu que "os expositores estão de bom astral".
Ele preferiu, contudo, não fazer projeções sobre o número de negócios. "As vendas sempre precisam de confirmação e o importante daqui é fazer relacionamento."
Para exemplificar o bom momento da feira, o presidente do Sintex citou a presença de uma delegação chinesa com três grandes indústrias e o presidente da associação de têxteis da China. "Eles ficaram impressionados com a qualidade dos nossos produtos e estão prospectando parceiras", disse Kuhn. Nos corredores, além de chinês, ouvia-se muito sotaque espanhol e de diversas regiões do País.
Perfil – Assim como nas três últimas edições, a Texfair deve receber entre 24 e 25 mil pessoas. Mas o perfil da feira mudou. Se nos anos anteriores havia empresas de vestuário e confecção de cama, mesa e banho, neste ano a concentração é de moda do lar. Por isso não haverá desfiles. "Desde 2000, percebemos que teríamos que separar o vestuário da confecção para o lar. Agora, estamos pesquisando um melhor momento para criar uma feira de confecções, mas ainda não está nada definido", disse Kuhn. Neste ano, dois terços da feira são ocupados por indústrias de cama, mesa e banho.
A expectativa é a de que o setor têxtil brasileiro venda 12% mais em 2010 em comparação a 2009. A responsabilidade, assim como em outros segmentos, é do mercado interno e do aumento da massa salarial. O presidente do Sintex afirmou que a indústria tem plena capacidade de atender a crescente demanda e que as empresas estão investindo em modernização tecnológica para expandir os negócios. Entretanto, ele não soube precisar a utilização da capacidade instalada das indústrias da região.
Apesar de o bom momento da economia, Kuhn e o diretor financeiro da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Renato Lemos, afirmaram que a indústria têxtil não cresce mais fortemente por conta do real valorizado ante o dólar, concorrência com asiáticos e entraves em acordos internacionais como o do Mercosul com Europa, há anos em negociação. "A China produz 40% de todo o têxtil mundial. Se somados outros países asiáticos, a produção ultrapassa 50%", afirmou Kuhn.
Porém, o setor não está parado diante da concorrência. A Abit, em conjunto com a Agência Nacional de Exportação (Apex), trouxe para a Texfair seis grandes compradores da Polônia, Itália, Espanha, Suécia, República Checa e Paraguai para mostrar os produtos brasileiros e aumentar a capacidade de exportação da indústria nacional. Os estrangeiros também estão participando de rodadas de negócios e palestras.
Algodão – A grande preocupação da indústria neste ano é o preço do algodão, que subiu 30% nos últimos seis meses. O fio de algodão teve alta de 25% no mesmo período. Segundo Lemos , isso encarece os custos de produção em até 40%, dependendo do produto. "Foi uma mudança no patamar de preço da matéria prima desde o começo da história. Nunca nos deparamos com uma alta tão acentuada em tão pouco tempo", complementou Kuhn.
Veículo: Diário do Comércio - SP