Sol, mar e dividendos

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Empresários brasileiros projetam expansão de 15% na receita proveniente de negócios nas regiões Norte e Nordeste do País.
 


O empresário brasileiro está descobrindo que as maravilhas do Norte e Nordeste vão muito além das praias e do turismo. Pesquisa realizada pela consultoria Deloitte com 40 companhias que atuam nessas regiões aponta que 97% delas esperam crescimento da receita em 2010. Na média, a expansão deverá ser de 15% sobre a receita de 2009.

 

Dois terços dos entrevistados apontaram a expansão da indústria como o principal atrativo para a manutenção da atividade econômica neste ano. Esse, aliás, é um dos segmentos indicados por Paulo Roberto Tavares, sócio-diretor da Deloitte no Nordeste, para investidores que querem atuar na região.

 

"Uma grande indústria acaba atraindo uma série de empresas satélites – de simples fornecedores de refeições até de logística – e os industriais desses segmentos têm espaço para atuar", diz Tavares. É justamente o que está acontecendo com a obra da ferrovia Transnordestina, tocada pela Construtora Odebrecht, mas que atrai uma série de outros prestadores de serviços.

 

"O Nordeste tem espaço para grandes investidores, além de oportunidades também para pequenos industriais que podem prestar serviço da mesma forma que atuam em suas regiões de origem", afirma o executivo da Deloitte Nordeste.

 

Esse é o caso da TCI, empresa especializada em soluções de terceirização de processos de negócios, digitalização e guarda de documentos, que acaba de inaugurar um escritório em Fortaleza, no estado do Ceará, e outro em Maceió, Alagoas.

 

De acordo com Fábio Fischer, vice-presidente do conselho administrativo da empresa, além de ser uma demanda de clientes locais, estar no Nordeste é uma questão estratégica. "Todo empresário que pretende ampliar seus negócios precisa estar na região, pois o Nordeste é hoje o grande foco de investimentos tanto do setor público quanto privado", diz.

 

Foram investidos R$ 7,5 milhões na região, entretanto, a previsão é de que alcance R$ 11 milhões até o final deste ano. Com isso, a TCI vai criar 1,15 mil vagas, sendo 1 mil para Fortaleza e 150 para Maceió.

 

O mercado nordestino tem um volume significativo de população, o que cria a possibilidade de geração e ampliação da renda mais rapidamente do que em outras regiões, tanto pelo aumento do salário mínimo acima da inflação quanto pelos programas sociais da região. "Isso cria um campo promissor para quem atua com linha branca, eletrodomésticos, eletrônicos e varejo em geral, pois com mais renda, as pessoas querem melhorar também a aparência do local onde vivem", informa Tavares da Deloitte.

 

Oportunidade – Na opinião do executivo, faltam, por exemplo, fábricas de produtos de linha branca, que poderiam atender aos varejistas com preços mais atraentes se produzissem na própria região. Incentivos não faltam: aproximadamente 50% dos empresários ouvidos pela Deloitte apontaram os incentivos fiscais concedidos pelo governo federal no ano passado como outro alavancador de negócios na região.

 

Linha de limpeza da Bombril com essências típicas da região, como a de cajá.ara quem pretende iniciar um negócio no varejo, o alerta é respeitar as características locais na hora do atendimento. "Não existem mais fronteiras entre as culturas, o que significa que um produto é bem aceito em qualquer lugar, desde que seja bom. Mas é preciso ter uma roupagem com a cara da região", diz Tavares. Foi o que fez a Bombril com sua linha Pronto Bril, desenvolvida especificamente para atender as regiões Norte e Nordeste, na fábrica da marca em Abreu e Lima, no estado de Pernambuco.

 

De acordo com Marcos Scaldelai, diretor de Marketing, Pesquisa & Desenvolvimento da Bombril, a linha de limpeza foi planejada para atender às características da região, começando pelo nome, que é um jargão muito utilizado pelos nordestinos, especialmente no Recife (PE). "Outra característica é a perfumação mais forte e essências típicas da região, como o cajá. Tudo como estratégia que adotamos para concorrer com os fabricantes regionais, que são muito agressivos", afirma Scandelai.

 

A exemplo do que ocorre em outros setores, também o de produtos de limpeza tem ganhado destaque no Norte e Nordeste. Atualmente, 31% do volume de vendas da marca Bombril são nessas regiões, que têm participação de 28% no faturamento.



Veículo: Diário do Comércio - SP

 


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