Quebra de safra de algodão é ameaça para a indústria têxtil

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A safra 2009/2010 de algodão do Mato Grosso, principal polo brasileiro de cotonicultura, pode ter queda na produtividade de 5% a 10% em função da falta de chuvas regulares em todo o estado, conforme afirmou Haroldo Cunha, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Se a estimativa se concretizar, São Paulo e Minas Gerais, além de nordeste, Santa Catarina - entre outros - poderão ser obrigados a importar.

 

A escassez de água afeta, especialmente, a lavoura de algodão safrinha, já que o plantio, entre janeiro e fevereiro, coincidiu com o período de estiagem, fase em que há maior necessidade de água. Em algumas regiões do estado não chove desde o início do mês passado. "É uma queda significativa [para o Mato Grosso] e vai prejudicar os produtores", afirmou. Na opinião de Cunha, no entanto, a inclinação na produção é incompatível com o País. "A queda do volume da safra total será pequena para o Brasil e a Bahia pode compensar", disse.

 

Para Miguel Biegai, especialista da Safras & Mercado, se os estados tiverem de importar, haverá um problema duplo. "Com a valorização do dólar [frente ao euro e crise na Europa] e os Estados Unidos em alta, o Brasil poderá ter uma alta de preços", falou. Até o fechamento desta edição, o dólar foi cravado a US$ 1,86. "Com as vendas da pluma já acertadas para a exportação, entre elas para o sudoeste asiático, a China e a Argentina, o cenário será ruim para a indústria brasileira, uma vez que o valor do algodão será elevado", afirmou Biegai.

 

O risco de quebra é menor nas lavouras de primeira safra. Durante o período crítico, as condições climáticas eram menos preocupantes. De acordo com o setor, há valorização de 30%, ante os indicadores da última temporada. A safra atual do algodão é vendida a R$ 49 por arroba, contra R$ 37 (aproximadamente) do período anterior. Em queda, a produtividade média do estado deve ficar em 260 arrobas por hectare, diante dos 286 arrobas por hectares da na safra 2008/2009, segundo o último boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Quanto à exportação, o Mato Grosso deverá exportar 250 mil toneladas de neste ano, o mesmo patamar de 2009.

 

O panorama da cotonicultura deve ser positivo para a próxima temporada, cuja plantação é feita em novembro, dezembro e janeiro - com colheita em 2011. "A área plantada deve aumentar entre 5% e 10%, mas depende da Bolsa de Nova York", projetou o especialista da Safras & Mercado. Hoje, o Brasil possui 830 mil hectares de área plantada de algodão, sendo que o Mato Grosso poderá alcançar, neste ano, 1,23 milhão de toneladas, perante 580 mil toneladas da temporada passada. Segundo o presidente da Abrapa, a expectativa para a safra 2009/2010 será de cerca de 1,3 milhão de toneladas, contra 1,170 milhão de toneladas. Aumento em função dos problemas climáticos no último ano.

 

De acordo com a Somar Meteorologia, em todo o estado, a precipitação acumulada desde o mês passado ficou abaixo dos 50 milímetros. Ainda segundo o Imea, nos últimos dias os níveis pioraram e atingiram níveis críticos, próximos a 0 milímetros nas principais regiões produtoras de algodão. As áreas mais afetadas são as regiões Médio-Norte e Sudeste, onde não chove há mais de 45 dias. Campo Verde é o principal município produtor de algodão do estado.

 

Transgênicos

 

Hoje, o Brasil tem aproximadamente de 10% a 15% de variedades transgênicas plantadas. Segundo Cunha, a transgenia é baixa no País, e depende das empresas pesquisarem e desenvolverem estudos com sementes. "Acredito, que em 2013 ou 2014, haverá um aumento de algodão transgênico", disse.

 

A atual safra mato-grossense, que sofre com a escassez de chuva, tem, também, uma deficiência. "O que pode acontecer é que a planta com déficit hídrico fica menos resistente aos ataques de pragas", afirmou Ronaldo Medeiros, do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso (Indea).

 

Cunha diz que "em função do material do plantio adensado, entrou [no Mato Grosso] material resistente à herbicida", disse. E acrescentou: "A Bahia tem transgênicos resistentes aos insetos".

 

Veículo: DCI

 


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