Se ação do país vizinho prejudicar relações de comércio, governo brasileiro admite reaçãoUm contra-ataque do Brasil já estaria preparado, caso persistam cancelamentos de importações de alimentos industrializados da Argentina. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, afirmou ontem que, apesar das novas barreiras argentinas contra a importação de alimentos ainda não terem sido anunciadas oficialmente, o Brasil tem meios para retaliar o país vizinho.
– A visão do governo brasileiro nas relações internacionais é de reciprocidade – disse Barral. – O Brasil tem um mecanismo eletrônico de controle de importações. É um botão.
O instrumento a ser usado caso haja a imposição de barreiras por parte da Argentina deverá ser a aplicação de licenças não automáticas de importação, que alongam a burocracia para a entrada de produtos no país.
Barral, no entanto, ressaltou que a suposta proibição de importação de alimentos com produção similar na Argentina – que deveria entrar em vigor no próximo dia 1º – ainda não foi anunciada oficialmente pela presidente Cristina Kirchner. Até agora houve apenas uma declaração do secretário de comércio interior argentino, Guillermo Moreno.
– Não é porque o sub do sub do sub teve uma ideia mirabolante que vamos sair tomando medidas – disse Barral.
Para o secretário, as autoridades argentinas deveriam evitar uma situação de embate no comércio de alimentos, uma vez que o Brasil exporta apenas cerca de US$ 500 milhões por ano para o país vizinho, enquanto importa mais de US$ 2 bilhões em produtos do parceiro nesse segmento.
Apesar das constantes reclamações de exportadores brasileiros sobre o que está acontecendo na fronteira, o governo ainda não detectou anormalidade no comércio bilateral.
Ainda assim, há duas semanas o embaixador brasileiro no país, Enio Cordeiro, transmitiu à chancelaria argentina as preocupações do Itamaraty sobre a questão.
Veículo: Zero Hora