Rosário do Sul colhe os frutos da aposta feita no setor
É em solo dominado pela produção pecuária que plantações de laranjas e bergamotas estão projetando Rosário do Sul, na Fronteira Oeste, para o mercado internacional. Na falta de diversificação da matriz produtiva, um grupo resolveu apostar na citricultura. Passados seis anos da primeira produção, o volume de colheita aumentou em 80 vezes, e as frutas rosarienses já estão sendo consumidas até no Canadá.
Diferentemente de mais de 90% da produção brasileira de citros, os 600 hectares plantados em Rosário têm uma peculiariedade: são frutas de mesa. Como grande parte das laranjas produzidas no Brasil são para a indústria, os produtores identificaram um filão no mercado. Precursor da ideia, o técnico agrícola e presidente da Associação de Produtores de Citros da Fronteira Oeste (Ascifro), Naldo Epifanio, confessa que não foi fácil encontrar pessoas dispostas a investir em um negócio de resultado a longo prazo:
– Por meio do Comitê de Fruticultura, encomendamos um projeto de um especialista no ramo e ele apontou qual a melhor forma de produzir as 10 variedades de citros mais vendidas na Europa. São frutas diferenciadas, sem sementes, a maioria para comer in natura.
Epifanio levou o projeto a uma cooperativa de arrozeiros e 12 produtores resolveram apostar nele. Em 2004, tinham 30 hectares plantados que produziram 20 toneladas de frutas. As especialidades cultivadas em Rosário do Sul precisam de cuidados especiais, como uso de mais defensivos, poda e limpeza frequente das plantas. Os frutos são separados por tamanho, lavados e até encerados.
Esforço que vale a pena. Quem garante é Anthony Darricarrere, 29 anos, diretor do maior grupo da cidade, o Citros Sul. Filho de empresário uruguaio com tradição de mais de 50 anos na produção de citros, ele se tornou enólogo e queria ficar no Brasil. Continuar no ramo do pai em terras gaúchas foi a alternativa encontrada. A primeira produção foi em 2008. Hoje, o grupo tem 350 hectares plantados. A cada ano a área é aumentada em 60 hectares, para chegar à marca de 700 hectares.
– Demora, mas vale a pena. O importante é entender do assunto. Não adianta só ser um bom negócio. Cresci no meio dos citros – completa Darricarrere.
O grupo é um dos que vendem parte da produção para o Canadá. A quantia encaminhada pela cidade para o país ainda é tímida, 80 toneladas, mas o plano de exportação surgiu antes do imaginado, destaca o presidente da Ascifro:
– Nosso plano era exportar somente em 2012, mas a oportunidade veio antes e agarramos. A quantidade ainda é modesta, porque, apesar de o mercado externo pagar mais, o custo para exportar é maior por causa das exigências.
A produção na cidade
> Em 2009, 200 hectares já em produção renderam 1,6 mil toneladas. A previsão é de que em 2020 sejam colhidas 15 mil toneladas de laranjas e bergamotas
> As mudas plantadas só começam a produzir depois de três anos
> As principais variedades produzidas são as bergamotas satsuma okitsu, clemenules e as laranjas navelina, lane late e salustiana
> No mercado interno, o valor da tonelada é cerca de R$ 700. No externo, US$ 900. Mas como o gasto é maior para exportar, o retorno fica em torno de R$ 900
> Para julho deste ano, época da colheita, o Canadá já encomendou 100 toneladas de frutas
Veículo: Zero Hora - RS