Segundo Flavio Prezzi, presidente da Arysta LifeScience, hortifrútis devem ser responsáveis por 30% do faturamento da empresa nos próximos três anos
Com uma fatia pouco superior a 3% do mercado brasileiro de defensivos agrícolas, a japonesa Arysta LifeScience aposta no segmento de hortifrúti para ganhar espaço e manter seu ritmo de crescimento. Dentro das vendas totais da empresa, que ficaram pouco acima de US$ 200 milhões em 2009, os defensivos para frutas e legumes representaram uma fatia de 20% e a expectativa do grupo é elevar essa participação para pelo menos 30% nos próximos três anos.
"O hábito de consumo das pessoas está mudando e a demanda por hortifrúti na mesa dos consumidores está crescendo cada vez mais no Brasil. Esse cinturão verde que vemos ao redor de São Paulo também começa a aparecer em volta de praticamente toda grande cidade do país", afirma Flavio Prezzi, presidente da Arysta para América do Sul.
A aposta nas frutas e legumes não é por acaso. Apesar de isoladamente cada fruta e cada legume ter uma participação pequena dentro do mercado de defensivos, somados, a representatividade cresce e alcança uma fatia de 7% do total, excluídas daí as vendas para a produção de laranja. Com isso, o segmento é o quinto mais importante para indústria de defensivos - perde para soja (47%), milho (11%), cana (8%) e algodão (7,5%) - superando de longe o mercado de café (4%) e de laranja (3%).
Na prática, a Arysta volta um pouco às suas origens. No fim dos anos 1960, quando chegou ao país, o segmento de hortifrúti atingia 70% de seu faturamento. No início dos anos 2000, com a rápida expansão dos grãos no Centro-Oeste, a empresa dedicou seus esforços para desenvolver e vender produtos para soja, milho e algodão, mercados que passaram a ser mais atrativos, o que reduziu a participação dos hortifrútis para 10%.
Com a crise dos grãos em 2005 e a decorrente dificuldade de pagamento por parte de alguns produtores, a empresa se viu obrigada a mudar sua estratégia e começou a procurar outros mercados. Partiu, então para a cana-de-açúcar. "Agora entramos em uma terceira fase em que vamos focar o no crescimento em alguns setores", afirma Prezzi.
Além das frutas e legumes, a empresa vai reforçar o segmento de cana-de-açúcar. A Arysta trabalha com a meta de estar entre as três maiores fornecedoras de defensivos para o setor nos próximos anos, mesmo sendo nova nesse mercado. "Ainda somos jovens em cana e temos um potencial muito grande para atingir neste setor", afirma Prezzi.
O investimento em produtos para cana se baseia também na expectativa de que o setor voltará a elevar sua produção e vai expandir a área cultivada nos próximos anos. Além disso, o fim da queimada da cana para a colheita vai mudar a demanda por produtos. A expectativa do próprio mercado é de que o uso de inseticidas, por exemplo, aumente de forma expressiva, já que o fogo não poderá mais ser usado como ferramenta para o controle de pragas.
A Arysta espera avançar no setor sucroalcooleiro lançando novos produtos no mercado. "Esse é um setor que cresce rápido. Tanto os preços do açúcar quanto do etanol estão atrativos no mercado, o que é mais um incentivo", diz Prezzi.
Veículo: Valor Econômico