Indústria antecipa encomendas de papel-cartão para o Natal

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Empresas de alimentos e cosméticos estão antecipando encomendas de papéis para embalagens, especialmente papel-cartão, para produtos que serão vendidos na época do Natal. O motivo é o forte aquecimento na demanda, que já levou à dilatação nos prazos de entrega e, em alguns casos, dificuldade no atendimento por parte da indústria papeleira. Pedidos de papel para embalar produtos que serão vendidos nas festas de fim de ano tradicionalmente chegam às fabricantes entre julho e setembro. Neste ano, contudo, começaram a ser enviados em maio, devido ao receio de que falte material no mercado doméstico.

 

Conforme fonte da indústria de cosméticos, a elevada procura por papel-cartão, usado em embalagens de medicamentos, produtos alimentícios, beleza, higiene e limpeza, entre outros, já ocasionou falta do produto no mercado interno. Tanto Klabin quanto Suzano Papel e Celulose, as maiores fornecedoras nacionais, afirmam que não há desabastecimento - nem risco de que isso ocorra nos próximos meses.

 

As companhias, porém, confirmam que houve ampliação dos prazos de entrega e afirmam que o equilíbrio na relação entre oferta e demanda não deve ocorrer tão cedo. Conforme as fabricantes, o segundo semestre corresponde justamente ao período mais forte para os negócios de embalagem. "Existe antecipação de pedidos para o Natal", diz o diretor comercial da unidade de papéis-cartões da Klabin, Edgard Avezum Junior. "Há pressão de demanda, mas o mercado não ficará desabastecido", garante.

 
 
Balanço da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) referente ao primeiro quadrimestre mostra que as vendas domésticas de papel-cartão cresceram 39,8% na comparação com igual intervalo do ano passado, para 186 mil toneladas. Dentre todos os tipos de papéis comercializados no país, foi o de maior crescimento. "O cartão foi o primeiro a sinalizar a crise, lá atrás, porque está muito relacionado à indústria de consumo", explica o diretor da unidade papel da Suzano, Carlos Anibal. "Então, toda a cadeia (de papel-cartão) partiu para a venda de estoques, sem reposição. Só que o consumo não recuou fortemente com a crise", acrescenta.

 

Diante desse cenário de desestocagem, e forte retomada das vendas nos primeiros meses de 2010, as papeleiras se viram obrigadas a ampliar os prazos de entrega para determinados tipos de produto. Em alguns casos o prazo dobrou. Esse quadro, conforme Anibal, também sustentou o reajuste de preços entre 10% e 15%, que começou a ser aplicado neste mês. "Geralmente, quando há anúncio de aumento de preços, as vendas mostram alguma retração. Desta vez, isso não ocorreu", acrescenta Avezum.

 

A dificuldade da indústria de atender a demanda doméstica não foi suprida pelos fornecedores estrangeiros, ao menos nos quatro primeiros meses do ano. Segundo levantamento da Bracelpa, nesse intervalo, as importações de papel-cartão caíram 16,7%, para 10 mil toneladas. Segundo fonte da indústria, também lá fora há aperto na oferta, em parte por conta do terremoto que atingiu o Chile no fim de fevereiro e teve impacto nas operações da Arauco e da CMPC.

 

Se por um lado as importações recuaram, por outro, as vendas de papel-cartão brasileiro no mercado internacional cresceram 23,9% no quadrimestre, para 88 mil toneladas. A Klabin, segundo Avezum, viu suas vendas para o mercado europeu crescerem 20%, apesar da crise na região. Desde o começo do ano, os estoques da companhia já recuaram 60%.
 


Veículo: Valor Econômico


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