A Laticínios Bom Gosto investiu R$ 34 milhões na compra e modernização da unidade desativada da Nestlé em Barra Mansa, região sul fluminense. A nova planta vai produzir leite longa vida, creme de leite, achocolatado e bebida láctea.
Com capacidade de produção de 4 milhões de litros por dia, que correspondem a 1,2 bilhão de litros ao ano, a Laticínios Bom Gosto é hoje a segunda maior empresa em volume de captação de leite no País, e a primeira em processamento de leite longa vida.
Para o desenvolvimento das atividades industriais em Barra Mansa, a empresa recebeu incentivos do Programa Rio Leite, da Secretaria Estadual da Agricultura, que reduziu a carga tributária para a produção interna de leite, e os benefícios previstos na legislação estadual de ICMS concedidos às plantas industriais localizadas no território fluminense.
O investimento da Laticínio Bom Gosto acontece em um momento de crescimento do consumo de lácteos no Brasil.
De acordo Paulo do Carmo Martins, assessor da presidência da Itambé/Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR), o consumo de leite in natura, processado ou por meio de derivados deve crescer mais que os 7% já previstos de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil. "O leite responde muito bem ao aquecimento da economia e a [economia] do Brasil está perigosamente 'bombando', por isso acho que a demanda deva crescer mais de 7% este ano", disse o executivo.
Se as previsões forem confirmadas, o consumo brasileiro de leite, que foi de 28 bilhões de litros no ano passado, pode beirar os 30 bilhões de litros em 2010, o que deve fazer ainda com que o País tenha uma exportação pequena este ano. No ano passado, foram exportados apenas 343 milhões de litros, ante 1,08 bilhão de litros em 2008. "O dólar desvalorizado ainda prejudica, o que torna o produto brasileiro muito caro."
No entanto, a alta na demanda não deve significar um crescimento no preço pago ao produtor no segundo semestre, já que a oferta também segue em alta. "Os preços no primeiro semestre até têm uma curva de alta, mas a queda já ocorre no mercado spot [sem contrato] e deve se intensificar no segundo semestre", avaliou Martins.
Além do crescimento da produção principalmente a partir deste mês, a pressão pela queda do preço do leite, de acordo com Martins, vem do varejo. "A gôndola 'reclama' do preço e os supermercados dificultam muito as negociações e forçam cada vez mais a baixa", afirmou o assessor da Itambé/CCPR.
Veículo: DCI