Levantamento tenta prevenir "apagão" de mão de obra; maior empregador, setor de alimentos pode ter gargalo
Estudo servirá de base para programas em parceria com o Senai para treinamento dos profissionais em SP
Para evitar o risco de "apagão" de mão de obra em 23 setores da economia, a Fiesp (federação das indústrias de São Paulo) iniciou um trabalho para identificar que profissionais serão necessários no Estado até 2012.
O mapeamento começou pelo setor de alimentos, maior empregador em São Paulo. São 365.381 mil trabalhadores em 6.777 empresas, segundo dados do Ministério do Trabalho até abril.
A partir da previsão de crescimento desse setor nos próximos dois anos (4,84% neste ano, 3,30% em 2011 e 3,87% em 2012), o estudo considera que serão criados 8.560 empregos no Estado.
Quase 70% deles estão concentrados em ocupações ligadas a quatro áreas: fabricação e refino de açúcar; produção e conservação de alimentos; panificação e confeitaria; e abate e preparo de carnes e aves para venda.
Se levada em conta a mão de obra necessária para repor as vagas já existentes (substituição de demitidos e aposentados, por exemplo), o número de empregos nesse ramo pode chegar a 50.386. A estimativa é até modesta considerando-se o ritmo de abertura de vagas nos últimos meses. De janeiro de 2009 a abril deste ano, foram criados 48.844 empregos no ramo alimentício no Estado.
"CAÇA" A FUNCIONÁRIOS
"Com o aumento do consumo e superada a crise, o setor ganhou fôlego. As empresas investiram, compraram equipamentos. E agora, para ficarem mais competitivas, precisam de funcionários mais qualificados", diz José Roberto Ramos Novaes, diretor do Depar (Departamento de Ação Regional) da Fiesp.
Com o estudo, a Fiesp também planeja desenvolver projetos em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para atender as empresas.
O Depar também pretende estimular indústrias de pequeno e médio portes a criarem políticas estratégicas de gestão de pessoas para tentar evitar a "caça" de profissionais entre elas.Na região de Botucatu (SP), a "caça" era explícita.
Era comum encontrar kombis com alto-falantes, oferecendo vagas e vantagens salariais aos operários que trocassem de emprego, segundo técnicos da indústria.
Em Marília (SP), conhecida como a capital nacional do alimento, a disputa de profissionais também é intensa para os cargos nos altos escalões das empresas.
"Há carência de gerentes e profissionais de marketing e desenvolvimento de produtos. Eles acabam sendo "importados" de outras regiões e empresas de outros setores", afirma Alexandre Martins, presidente da Associação das Indústrias de Alimentos de Marília e região.
A Marilan pretende investir R$ 600 mil no ano em formação profissional. Eduardo Silva, diretor de recursos humanos da empresa, diz que encontra dificuldade para preencher vagas desde áreas técnicas até em funções como inteligência de mercado.
No ramo de chocolates, a expansão de vagas acontece na área industrial e comercial. "A distribuição de renda no país aumenta não só o número de consumidores mas a qualidade do consumo, que se sofistica", diz Getúlio Ursulino Netto, presidente da associação desse setor. "E para atender as exigências são necessários profissionais mais preparados."
Veículo: Folha de S.Paulo