Para consolidar avanço, Camil volta às compras

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Impulsionada pelos bons lucros de 2009, a Camil prepara uma nova ofensiva para sustentar sua expansão no mercado doméstico e também na América do Sul. Depois de comprar a chilena Tucapel, em dezembro de 2009, a empresa brasileira estrutura uma nova aquisição, desta vez no mercado doméstico, que será concluída em, no máximo 60 dias. O nome do grupo com o qual a Camil vem mantendo negociações ainda é sigiloso, mas essa não será a única operação prevista para 2010.

 

Nos planos da Camil estão as aquisições de duas empresas nacionais até o fim deste ano, com a expansão das atividades na América do Sul dentro de 24 meses. Em 2007, o grupo adquiriu a maior empresa de arroz do Uruguai para reforçar a atuação no mercado exportador e entrou no Chile no fim do ano passado.

 
 
"Estamos olhando para novas aquisições. Queremos consolidar a posição que já temos e também ampliar nossa participação na América do Sul conforme novas oportunidades de negócios forem aparecendo", afirma Jacques Maggi Quartiero, diretor de marketing da Camil.

 

Apesar de o faturamento do grupo ter encolhido 12,8% em 2009, para R$ 1,4 bilhão, por conta da queda dos preços médios do arroz e do feijão no ano passado, o lucro líquido da empresa teve um salto de 26,8% e chegou a R$ 73,6 milhões. Os negócios da Camil no Brasil respondem por 65,9% da receita total.

 

A expansão do grupo, no entanto, não ocorrerá apenas por meio de aquisições. Somente para este ano já estão previstos investimentos entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões para ampliação da capacidade instalada do grupo, tanto no Brasil quanto no exterior. Considerando as operações integradas do Brasil, Uruguai e Chile, o grupo tem uma capacidade anual de produção de 2 milhões de toneladas de arroz e 113,4 mil toneladas de feijão.

 

No Brasil, a capacidade de produção de arroz é de 1,16 milhão de toneladas, o equivalente a 10,2% de toda a produção nacional. Na safra 2009/10, a oferta brasileira foi de 11,35 milhões de toneladas, 10% inferior ao ciclo anterior. "Apesar da safra menor no Brasil e no Uruguai, não teremos falta de arroz no mercado, mas provavelmente o preço médio ficará mais alto", afirma Quartiero.

 

Hoje a Camil é uma empresa 100% controlada pela família Maggi Quartiero. Entre 1998 e 2006 os fundadores dividiram o controle com o fundo americano de private equity Trust Company of the West (TCW). A Camil foi criada em Itaqui (RS) em 1963, como uma cooperativa, por um grupo de agricultores que produziam e vendiam arroz localmente. Na década de 70 a cooperativa se juntou à empresa Arfei - controlada pela família Quartiero - para entrar no mercado do Sudeste. No fim da década de 90, uma forte crise fez com que os cooperados vendessem a participação de 50% para o fundo TCW.

 

Além da liderança na produção e distribuição de arroz na América do Sul, a Camil atua também no mercado de energia. No próximo mês, a empresa inaugura no Uruguai sua termelétrica com potencial para produzir 14 MW. Foram investidos US$ 5 milhões no empreendimento, que tem como matéria-prima para geração de energia elétrica a casca de arroz.

 

O grupo já tem em Itaqui uma outra usina com capacidade de gerar 4 MW, que abastece a planta. O excedente é comercializado no mercado livre de energia.
 


Veículo: Valor Econômico


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