Houve um tempo em que o setor de atomatados era disputado por algumas poucas marcas, como Etti, Arisco, Cica e Pomarola. Isso, entretanto, foi há mais de 20 anos. Hoje, há mais de 325 marcas no varejo, segundo levantamento da revista especializada "Supermercado Moderno". Tamanha concorrência tem provocado um fenômeno: a reacomodação do setor, com várias companhias sendo colocadas à venda.
No final de maio, a Unilever anunciou que está negociando a venda da linha de produção de todos os produtos de tomate, situada em Goiânia (GO). Marcas como Pomarola e Elefante também poderão ser incluídas na venda, conforme fontes do setor. A Hypermarcas, dona da marca Etti, seria a principal candidata à compra.
Nesta semana, foi a vez da Brasfrigo, dona das marcas Jurema, Tomatino e Jussara. Segundo fontes do mercado, a companhia que pertence ao Grupo BMG esta à venda, depois de tentativas frustradas de reestruturar o negócio. "No último ano, eles mudaram de diretoria várias vezes, demitiram e contrataram executivos. Para o mercado, isso já era uma sinalização de que algo não ia bem", disse um concorrente. A Brasfrigo não quis comentar o assunto.
"Com tanta disputa no setor de atomatados, o preço do produto caiu e molhos, extratos e purês de tomate hoje são quase uma 'commodity', o que inviabiliza o negócio para muita gente e principalmente para uma multinacional como a Unilever, que precisa operar com alta rentabilidade", diz Antônio Carlos Tadiotti, sócio-diretor da Predilecta, fabricante de molhos de tomate de São Paulo.
Entre os possíveis compradores da Brasfrigo, com fábrica em Luziânia (GO), estão a Camil, a Cargill e a Coniexpress, dona da marca Quero. As duas primeiras não comentaram o tema e a Quero não retornou os pedidos de entrevista da reportagem do Valor.
A Quero também é apontada como possível compradora da Siol, dona da marca de molhos Saúde (e também da margarina Saúde). A empresa entrou no setor de atomatados em 2006, quando comprou uma fábrica desativada da Unilever, em Rio Verde (GO). A companhia foi procurada para comentar o assunto, mas os responsáveis não foram encontrados.
Outra fabricante que também procura compradores, segundo industriais do setor, é a goiana LF de Castro, de Vianópolis, das marcas Bonamassa e Bonadelli. A empresa não retornou as ligações da reportagem.
Veículo: Valor Econômico