Papel: Brasil vai ampliar em 200 mil toneladas sua capacidade anual

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Produção de tissue no país receberá US$ 1 bi até 2015


  
Único tipo de papel cujo consumo cresceu no mercado brasileiro durante o período de crise econômica, o tissue, utilizado para fins sanitários, vai receber investimento bilionário nos próximos anos. Até 2015, conforme levantamento da Pöyry, uma das principais consultorias do mundo na área de celulose e papel com sede na Finlândia, empresas que atuam nesse segmento têm planos de instalar mais seis máquinas para produção de tissue no país, em aportes que, juntos, poderão alcançar US$ 1 bilhão.

 

No ano passado, segundo dados preliminares da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), o volume de tissue fabricado no país mostrou expansão superior a 18 mil toneladas, ou pouco mais de 2%, enquanto a produção total das papeleiras recuou perto de 0,4%. "Também nos Estados Unidos, o tissue foi o único tipo de papel que mostrou crescimento durante a crise", afirma o vice-presidente da Pöyry, Carlos Alberto Farinha e Silva.

 

Com a perspectiva de continuidade do crescimento da economia brasileira e melhoria da renda, e consequente expansão do consumo de papel higiênico folha dupla, lenços umedecidos e fraldas descartáveis, explica Silva, as fabricantes de tissue estão encorajadas a ampliar a produção no país e se preparam para uma nova rodada de investimentos. "Não foi apenas o uso doméstico que cresceu. Também o chamado consumo fora de casa, em hotéis e hospitais por exemplo, tem mostrado expansão", diz. Em termos de produção, o incremento na capacidade nacional até 2015 deve chegar a 200 mil toneladas anuais caso os projetos em estudo se concretizem. Atualmente, uma máquina de tecnologia avançada pode produzir cerca de 30 mil toneladas por ano e custa, em média, US$ 150 milhões.

 

Além da projeção de cenário macroeconômico positivo, o indicador de consumo de papel para fins sanitários por habitante no país mostra que ainda há muito espaço para crescimento. Em 2009, o índice ainda estava em 4,5 quilos por habitante - há 10 anos, era de 3,3 quilos. Nos Estados Unidos, o consumo per capita chega a 40 quilos por ano. "É difícil alcançar a loucura consumista dos Estados Unidos, mas o consumo per capita no Brasil deve crescer", afirma Silva. Empresas como Santher, Kimberly-Clark e Melhoramentos, que foi comprada pela chilena CMPC no ano passado, disputam aqui um mercado altamente competitivo, que exige cada vez mais qualidade e custo reduzido.

 
 
Os investimentos previstos para o segmento trazem boas perspectivas para a indústria de celulose branqueada de eucalipto, matéria-prima ideal para a produção de tissue em razão de características técnicas, como maciez. "Também em termos de custo a celulose de eucalipto é a mais adequada à produção", ressalta Silva.

 

O maior volume de celulose comprada por fabricantes de papéis para fins sanitários que não contam com matéria-prima própria teve participação relevante no movimento de reajustes sucessivos do insumo, que vem desde 2009. Somente neste ano, foram seis aumentos de preço, o último deles implementado neste mês nos mercados europeu e americano. A China, um dos principais clientes da matéria-prima brasileira, também foi protagonista na ascensão dos preços da celulose, diante da instalação de novas máquinas de papel, sobretudo tissue.

 

A crescente participação do papel para fins sanitários no mercado total levou a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) a elaborar um evento específico para o segmento, que ocorrerá paralelamente ao tradicional congresso promovido anualmente pela entidade. O congresso, que se realiza há 43 anos, está agendado para outubro.
 


Veículo: Valor Econômico


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