Colombo encaminha sucessão e vai às compras

Leia em 3min 10s

Aos 79 anos, o empresário Adelino Colombo, dono da Lojas Colombo, rede gaúcha de eletroeletrônicos e móveis, iniciou a contagem regressiva para deixar o comando executivo da empresa, que fundou há meio século. Mas não vai abandonar o batente. Daqui a seis meses, passará a presidir o conselho de administração da rede, baseada em Farroupilha, município serrano localizado a 100 quilômetros de Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul. A decisão faz parte do projeto de profissionalização da empresa, que começou a ser costurado há dois anos. Para o seu lugar, Colombo está procurando um executivo do mercado, que comandará um negócio de R$ 1,3 bilhão - valor do faturamento da empresa no ano passado. "Continuarei trabalhando, mas também quero me divertir um pouco", diz Colombo. Diversão para esse gaúcho nascido ali mesmo em Farroupilha, onde até hoje está localizada a sede da empresa, significa pescar, caçar, cozinhar e viajar, além de curtir os quatro filhos e dez netos.

 

Líder absoluta na região Sul do País e sexta no ranking nacional dos do ramo de eletroeletrônicos e móveis, a Lojas Colombo está atenta à movimentação do setor, que está criando grupos poderosos no País, como o Pão de Açúcar, que recentemente comprou as redes Ponto Frio e Casas Bahia, e a Máquina de Vendas, resultado da união entre a baiana Lojas Insinuante e a mineira Ricardo Eletro. "A concentração é uma tendência que vai crescer cada vez mais", diz Colombo. Ele sabe que sua empresa não tem como fugir dessa realidade. Por isso, também está de olho em oportunidades. "Tenho intenção de comprar, ainda não sei quem", afirma. Mas avisa aos interessados que não está à venda nem disposto a fazer uma associação. Muito menos quer tomar conhecimento do capital de fundos de private equity. "Não quero sócio, prefiro crescer sozinho", diz.

 

Colombo está de olho no aquecimento do mercado e já definiu aonde quer chegar. Estão nos planos do empresário a ampliação da rede no interior paulista, o fortalecimento no Sul do País e, quem sabe, o Centro-Oeste. "Vou chegar, no máximo, à região central do Brasil", afirma. O Nordeste, segundo ele, vive um momento interessante, mas admite que não tem estrutura logística para fincar a marca na região. Com três centros de distribuição, em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Sumaré (SP), Colombo não quer dar passos maiores que as pernas. Ele sabe que esse setor é arisco. A Casas Bahia, por exemplo, tentou se estabelecer na região Sul, mas fracassou e teve de bater em retirada. Das dezenas de lojas abertas no Rio Grande do Sul, uma ficava em frente da casa de Colombo. "Dava para ver o luminoso deles da minha sala de leitura", lembra. "Tá certo que a concorrência chegue por aqui, mas na minha cara?"

 

Antes de passar o bastão para o novo presidente da empresa, Colombo aproveita o boom econômico do País para deixar a casa em ordem. "Estou muito otimista, devemos fechar o ano muito bem", afirma. Não é para menos. No primeiro quadrimestre do ano, a Lojas Colombo cresceu 11,8% sobre igual período de 2009. Atualmente, a rede conta com 342 lojas na região Sul, em São Paulo e Minas Gerais.

 

Até o final do ano, mais dez lojas devem ser abertas. A aposta mais recente da empresa é a criação do formato de bandeira premium, lojas sofisticadas que vendem produtos top de linha e garantem um retorno melhor que o das lojas tradicionais. No total, são 11 unidades, duas delas na capital de São Paulo e uma em Campinas. "Essa experiência vai bem, obrigado", diz.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Um desafio salgado

Investir na agricultura e inovar com um sistema de abastecimento de batatas 100% just in time ajudou a PepsiCo do Brasil...

Veja mais
O homem por trás do maior projeto de celulose do País

PerfilMário Celso LopesSócio-fundador da Eldorado CeluloseSócio dos controladores do JBS-Friboi na ...

Veja mais
Walmart engrossa luta contra o trabalho escravo

O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, recebeu no final do mês passado um abaixo-assinado com 2...

Veja mais
Fiesp mapeia escassez de profissionais

Levantamento tenta prevenir "apagão" de mão de obra; maior empregador, setor de alimentos pode ter gargalo...

Veja mais
Fabricantes de embalagens querem aumentar preços em 20%

Alta do preço das matérias-primas é usada como justificativa pela indústria de papel e papel...

Veja mais
Com consumo em alta, já faltam latas de cerveja e pneus

Pressão do consumo provocada pelo aumento do poder de compra afeta também a indústria de TVs e de c...

Veja mais
Importadora brasileira leva frutas de Mossoró para mercado europeu

A empresa brasileira RBR Trading Fresh Fruit é responsável por distribuir o melão amarelo e a melan...

Veja mais
Para consolidar avanço, Camil volta às compras

Impulsionada pelos bons lucros de 2009, a Camil prepara uma nova ofensiva para sustentar sua expansão no mercado ...

Veja mais
No setor de atomatados, companhias à venda

Houve um tempo em que o setor de atomatados era disputado por algumas poucas marcas, como Etti, Arisco, Cica e Pomarola....

Veja mais