Com City Lar, Ricardo Eletro e Insinuante chegam a 754 lojas
Quando chegarem hoje à noite da África do Sul, o mineiro Ricardo Nunes, o baiano Luiz Carlos Batista e o mato-grossense Erivelto Gasques vão ter muito trabalho pela frente. Antes de viajarem juntos para assistir a Copa do Mundo, há oito dias, os três empresários do varejo fecharam a criação da Máquina de Vendas do Norte, a primeira empresa a integrar a holding Máquina de Vendas, fusão da Ricardo Eletro com a Insinuante.
Com a nova companhia - que concentra os ativos da City Lar, de Gasques -, a rede passa a deter 754 lojas e faturamento de R$ 5 bilhões em 2009, tornando-se a maior varejista de eletrodomésticos e eletroeletrônicos do país em número de pontos de venda. Dar conta de integrar um conjunto de lojas maior do que o da Casas Bahia (dona de 518 pontos), é um trabalho intenso para Nunes, fundador da Ricardo Eletro, e Batista, da Insinuante, considerando que a empresa resultante da fusão das duas tem apenas três meses.
"Não poderíamos esperar uma integração para dar início a outra, o negócio já estava conversado desde a época da fusão da Ricardo com a Insinuante", disse Nunes ao Valor. Segundo ele, a Gasques é um amigo de 12 anos, cuja rede completa perfeitamente o mix de lojas da Máquina de Vendas. Varejista de informática, eletrodomésticos e eletroeletrônicos com sede em Cuiabá, a City Lar é dona de 204 lojas no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. Em 2009, faturou R$ 900 milhões.
Para este ano, diz Nunes, a expectativa é que a Máquina de Vendas atinja faturamento de R$ 6,1 bilhões com a nova empresa. "O Gasques será convidado a participar das futuras aquisições da Máquina de Vendas", diz ele. Entre elas, alguma no Sul do país, única região onde a vice-líder do varejo de eletromóvel não está presente ainda.
A Máquina de Vendas comprou uma fatia de 25,5% do capital social da Máquina de Vendas do Norte, que dá direito a 51% das ações ordinárias desta nova empresa. Os outros 74,5% do capital social da Máquina de Vendas do Norte ficaram com a City Lar, fatia corresponde a 49% das ações ordinárias. Segundo Rodrigo Nunes, vice-presidente da Máquina de Vendas, a fatia majoritária na nova empresa foi paga com recursos próprios. E o investimento será destinado à Máquina de Vendas do Norte. "Gasques vai continuar no comando da empresa", diz Rodrigo Nunes.
Para o consultor de varejo Marco Quintarelli, do Grupo AZO, a negociação reforça a estratégia da Máquina de Vendas de tentar barrar o fortalecimento do Pão de Açúcar, especialmente na região Nordeste, que apresenta altos índices de crescimento para o setor. "A Máquina de Vendas e o Pão de Açúcar estão dividindo o Brasil, buscando maior capilaridade", diz ele.
A maior tacada do grupo Pão de Açúcar para consolidar definitivamente a sua liderança no varejo de eletromóvel está em compasso de espera. A fusão com a líder Casas Bahia, anunciada em dezembro, está sendo revista há seis meses. Um novo acordo pode ser anunciado em julho. A terceira colocada no ranking, Magazine Luiza, permanece avaliando possibilidades de aquisição. "Mas há cada vez menos opções, depois de ela ter perdido Ponto Frio e Insinuante", diz uma fonte do setor.
Com o acirramento da competição no Nordeste, Fernando Freitas, vice-presidente da Eletroshopping, dona de 140 lojas em seis Estados do Nordeste, diz que as empresas regionais mais eficientes poderão participar da consolidação. A Eletroshopping, por exemplo, comprou neste ano as 31 lojas da pernambucana Hermol e avisa que pode anunciar novas aquisições.
Veículo: Valor Econômico