A queda registrada na primeira safra de feijão em Minas Gerais está contribuindo para incrementar os preços do produto. O valor pago pela saca de 60 quilos do grão no Estado gira em torno de R$ 130. A cotação está 62,5% superior ao preço mínimo estipulado pelo governo, R$ 80, valor considerado suficiente para cobrir os custos de produção e gerar lucro aos produtores.
A valorização se deve à redução da primeira safra mineira, 12,4%, e às perdas causadas pelo excesso de chuvas durante a colheita no Paraná, maior produtor brasileiro do grão, o que controlou a oferta do produto no mercado.
Minas Gerais é o segundo maior produtor do grão, respondendo por 16,7% da produção brasileira na primeira safra e 4,72% na segunda safra. A terceira safra de feijão no Estado deverá ser 16,3% superior à produzida em igual período do ano passado.
Migração - A alta expressiva na produção se deve aos bons preços pagos pela saca do produto a partir da segunda safra. A cotação mais valorizada do que a do trigo atraiu o interesse dos produtores que migraram de cultura. A produção de trigo em Minas Gerais deve apresentar retração de 30% na safra 2009/2010 segundo a Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atriemg).
Segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção mineira na última safra do ano, que está em fase de plantio, deverá atingir 177,4 mil toneladas contra as 152,6 mil toneladas produzidas na terceira safra de 2008/2009. A área plantada apresentou incremento de 15,2%, passando de 61,8 mil hectares para 71,2 mil hectares.
O aumento significativo na área plantada é justificado pela migração da cultura do trigo para o grão. A terceira safra é totalmente irrigada, o que encarece os custos de produção. A colheita ocorre entre setembro e agosto.
De acordo com o coordenador técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) - regional Unaí, Walter Assunção de Araújo Filho, a tendência é que os preços do feijão continuem em alta até o final do ano. A valorização do grão poderá incentivar o aumento da produção na primeira safra de 2010/2011 que tem o plantio iniciado em novembro.
"Caso os preços do feijão continuem em alta poderá ocorrer nova ampliação da produção mineira na primeira safra do ano que vem. O produtor deve ficar atento para que não ocorra produção excessiva e, conseqüentemente, queda nos preços", disse Araújo.
Apenas os produtores que investiram na segunda e na terceira safra do ano obtiveram lucro com a comercialização do produto. "Esta variação foi motivada pelos baixos preços pagos pelo grão ao longo da primeira safra que promoveu a redução na área plantada já na segunda safra. Com a manutenção da demanda e o ingresso das novas safras menores no mercado a tendência é de que os preços se mantenham nos patamares atuais", disse Araújo.
Além do aumento na área plantada, a maior capitalização dos produtores que investiram na segunda safra do ano favoreceu a aplicação de tratos culturais mais adequados na terceira safra, o que eleva a produtividade. "Para a safra 2010/2011, os produtores precisam ter cautela para manter a oferta equilibrada com a demanda e gerar preços que tragam rentabilidade mas que não comprometam o consumo", recomendou.
As principais regiões produtoras são Noroeste, responsável por 27,8% do total, seguido pelo Alto Paranaíba, com fatia de 21,7%, e o Sul de Minas, com 13,9% de participação na safra estadual.
Em Unaí, no Noroeste de Minas, para conseguirem melhores preços nas vendas e redução dos custos, os produtores estão investindo na formação de cooperativas. "A união dos produtores está trazendo resultados positivos para a cultura na região. As cooperativas estão orientando para a redução do uso de agrotóxicos e aplicação correta dos tratos culturais, o que resulta no aumento da produtividade e dos lucros", argumentou.
Veículo: Diário do Comércio - MG